Um objeto espacial diferente de tudo que os astrônomos conhecem foi identificado por cientistas que estavam na Austrália. Visto durante um mapeamento de ondas de rádio, o novo elemento se mantém luminoso por mais tempo do que estrelas, além de liberar uma explosão gigante de energia três vezes por hora. Detalhes sobre essa novidade astronômica foram apresentados na última edição da revista especializada Nature.
Tyrone O'Doherty, estudante da Universidade Curtin, na Alemanha, usava o telescópio Murchison Widefield Array (MWA), instalado no Observatório de Radioastronomia Murchison, na Austrália Ocidental, quando se deparou com algo estranho. "É empolgante que o elemento que encontrei no ano passado tenha se tornado um objeto tão peculiar. O amplo campo de visão e a extrema sensibilidade do MWA são perfeitos para pesquisar todo o céu e detectar o inesperado", relata, em comunicado.
Durante as análises iniciais, o estudante e colegas acreditavam se tratar de um corpo celeste que acendia e apagava com frequência no céu. Objetos com essa característica não são novos para os astrônomos, que os chamam de transitórios. Mas o grande diferencial do elemento percebido por O'Doherty foi o fato de ele se manter iluminado por até um minuto, um tempo considerado longo. O brilho intenso e o tamanho reduzido, sendo menor que o Sol, também chamaram a atenção da equipe.
Aos poucos, descobriu-se que o objeto emitia ondas de rádio altamente polarizadas, sugerindo a existência de um campo magnético extremamente forte ao redor dele. "Esse elemento estava aparecendo e desaparecendo frequentemente durante nossas observações, o que nos fez identificar mais a fundo essas suas nuances e mapear essas características tão únicas", explica Natasha Hurley-Walker, pesquisadora do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia da Universidade Curtin, na Austrália.
Líder do estudo, Hurley-Walker conta como a equipe reagiu a constatação inesperada. "Foi meio assustador para nós astrônomos porque não há nada conhecido no céu que faça isso. E está realmente muito perto de nós — cerca de 4 mil anos-luz de distância. Está em nosso quintal galáctico", acrescenta.
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Previsão teórica
Segundo a pesquisadora, as observações iniciais revelam que o objeto pode corresponder a um elemento já cogitado por especialistas da área, o magnetar de período ultralongo, mas, até então, nunca observado. "Seria um tipo de estrela de nêutrons girando lentamente que prevemos existir teoricamente", detalha. "De alguma forma, ele está convertendo energia magnética em ondas de rádio de forma muito mais eficaz do que qualquer outra coisa que vimos antes."
Os investigadores pretendem continuar monitorando o objeto e não descartam a possibilidade de existência de outros elementos semelhantes no espaço. "Mais detecções dirão aos astrônomos se esse foi um evento único raro ou uma vasta nova população que nunca havíamos notado antes", diz Hurley-Walker. "Por sorte, existem uma série de telescópios extremamente avançados que podem nos ajudar nessa busca e ajudar a esclarecer essa questão."
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