Covid-19: Especialistas indicam orientações para ressuscitação de infectados

Documento tem como objetivo reforçar cuidados e atitudes necessárias em meio ao aumento de casos da doença, causado pela variante ômicron

Talita de Souza

postado em 24/01/2022 18:33 / atualizado em 24/01/2022 18:34

Com aumento de casos de covid, entidades pedem que instituições médicas não deixem de fornecer EPIs para profissionais da saúde - (crédito: Pixabay)

Com o aumento expressivo de casos da covid-19 causada pela alta transmissibilidade da variante ômicron, entidades de saúde especializadas em cardiologia, pediatria e anestesia publicaram novas orientações para a realização de manobras de ressuscitação em pacientes infectados com a doença. O documento, publicado nesta segunda-feira (24/1) na revista estadunidense Circulation, reforça a necessidade de profissionais usarem equipamento de proteção individual (EPI) antes de socorrer um infectado, além de fazerem com que os infectados “recebam os melhores esforços de ressuscitação possíveis”.

De acordo com os especialistas, “as taxas de sobrevivência de parada cardíaca diminuíram drasticamente durante a pandemia de coovid-19” e “a sobrevivência de parada cardíaca fora do hospital em 2020 também diminuiu, seja em regiões/prazos que tiveram, e não tiveram, taxas significativas de infecção por covid”.

Eles afirmam que as razões para essa diminuição “não são claras” e parecem ser “complexas” e, por isso, os profissionais devem reforçar a atenção ao usar a técnica. “A sobrevivência à parada cardíaca depende do início precoce da RCP (manobra de ressuscitação), incluindo compressões torácicas assim que for possível com segurança. Pacientes com covid-19 confirmado ou com suspeita devem receber os melhores esforços de ressuscitação possíveis.”, orientam.

O texto Orientação provisória de 2022 para profissionais de saúde para suporte básico e avançado de vida cardíaca em adultos, crianças e neonatos com suspeita ou confirmação de COVID-19 foi assinado pela American Heart Association e organizações colaboradoras, incluindo a American Academy of Pediatrics, a American Association for Respiratory Care, a Society of Critical Care Anesthesiologists e a American Society of Anesthesiologists. As entidades afirmam que as orientações são resposta de relatórios sobre o avanço da pandemia no mundo. 

“Com base nos relatórios epidemiológicos em evolução e na ciência emergente, o comitê voluntário composto por mais de 40 especialistas globais em ressuscitação emitiu novas orientações para a ressuscitação de pacientes com suspeita ou confirmação de covid-19”, disse Comilla Sasson, vice-presidente de ciência e inovação para atendimento cardiovascular de emergência na American Heart Association.

EPI: nova onda exige fornecimento de equipamentos para médicos e enfermeiras

Outra orientação do documento se refere à segurança dos profissionais de saúde. As entidades fazem um apelo às instituições médicas para que o fornecimento de EPIs de qualidade sejam, continuamente, oferecidos para os socorristas. 

"Neste momento, todos os profissionais de saúde devem seguir as precauções apropriadas e devem ter acesso a EPI em todos os ambientes clínicos, independentemente do potencial de ocorrência de eventos de ressuscitação", diz o texto. "As organizações de saúde devem continuar a garantir o EPI adequado conforme disponível, garantir o treinamento sobre a aplicação e o uso apropriados do EPI, reforçar o uso eficaz do EPI e criar sistemas para que os profissionais de saúde tenham acesso imediato ao EPI apropriado quando o atendimento de emergência for necessário", detalha a orientação. 

O alerta sobre o uso dos equipamentos de segurança também é feito para os próprios profissionais. A orientação pede para que os médicos e enfermeiros "usem um respirador (máscara facial do tipo N95 ou PFF2) juntamente com outros EPIs, como avental, luvas e até mesmo proteção para os olhos, para fazer a ressuscitação de pacientes infectados ou com suspeita de covid". 

“Os profissionais de saúde são fundamentais para a saúde das comunidades em todo o mundo, especialmente durante uma pandemia, e devem ser protegidos durante a realização de procedimentos de saúde, incluindo ressuscitação”, disse Dianne Atkins, presidente voluntária da American Heart Association Emergency Cardiovascular Care Committee, cardiologista pediátrico e principal autor da nova orientação provisória.