Política Pública

Rejeição à vacina entre pacientes com HIV é similar à da população em geral nos EUA

Embora a porcentagem de pessoas com HIV vacinadas seja numericamente maior que a do público geral, os subgrupos de populações vulneráveis têm a mesma propensão a rejeitarem o imunizante, apontou estudo

Jéssica Gotlib
postado em 21/01/2022 16:46 / atualizado em 21/01/2022 16:47
Pacientes que convivem com HIV também estão suscetíveis às notícias falsas sobre vacinas, embora corram mais risco caso contraiam a covid-19 -  (crédito: JAVIER TORRES/AFP)
Pacientes que convivem com HIV também estão suscetíveis às notícias falsas sobre vacinas, embora corram mais risco caso contraiam a covid-19 - (crédito: JAVIER TORRES/AFP)

Pesquisadores da Universidade de Rutgers descobriram que conviver com o HIV não é motivo suficiente para convencer as pessoas a se vacinarem nos Estados Unidos. Embora, numericamente, a taxa de vacinação desse público seja ligeiramente mais alta que a da população em geral no país, o perfil daqueles que se recusam a receber os imunizantes entre os que convivem com o HIV é semelhante ao dos que rejeitam a vacina quando toda a população é levada em consideração.

Pessoas jovens, negros, minorias sexuais — incluindo grupos como gays, lésbicas, transexuais e travestis — frequentemente responderam que não gostariam de tomar a vacina contra a covid-19. Enquanto isso, entre os participantes que afirmaram ter tomado pelo menos uma das doses, a maioria era homem, cisgênero, branco e convivia com o HIV há mais tempo. Pessoas com a carga viral zerada também se mostraram mais favoráveis à imunização.

Para Perry N. Halkitis, reitor da Escola de Saúde Pública Rutgers e líder da equipe de pesquisa, as descobertas sugerem que o sucesso da vacinação contra a covid-19 entre os pacientes com o HIV está mais ligado ao acesso contínuo a serviços de saúde do que à sensação de vulnerabilidade em relação à doença em si. Segundo ele, é crucial que as autoridades consigam “aumentar e manter o acesso das pessoas à vacina” ainda mais quando se prevê um cenário em que uma dose de reforço anual seja necessária.

Segundo Halkitis, isso depende de iniciativas segmentadas de comunicação e difusão de informação. “Tornou-se claro ao longo do tempo que uma abordagem de tamanho único não funcionará para todos, e aqueles que vivem com HIV/AIDS não são diferentes, mesmo que estejam acostumados a mensagens de saúde pública”, explicou em um comunicado à imprensa.

Os autores do estudo defendem campanhas pró-vacinação plurais, que compreendam as diversas origens sociodemográficas do público e proporcionem uma compreensão genuína das preocupações de várias comunidades e aja em parceria para lidar com as hesitações do público alvo. Quanto maior o acesso à informação de qualidade sobre as vacinas e a serviços de saúde e profissionais confiáveis, mais chances de sucesso na prevenção de possíveis coinfecções de coronavírus e HIV.

A pesquisa ouviu 496 pessoas vivendo com HIV nos Estados Unidos através de questionários aplicados online entre março e maio de 2021. Na época, 64% deles disseram ter recebido pelo menos uma dose da vacina contra a covid-19. Os resultados foram avaliados por uma equipe do Centro de Estudos de Saúde, Identidade, Comportamento e Prevenção da Rutgers School of Public Health.

O artigo Hesitação e comportamentos de vacinação contra SARS-CoV-2 em uma amostra nacional de pessoas vivendo com HIV pode ser lido na íntegra (em inglês) no site da Mary Ann Liebert, Inc.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação