Quarto mineral mais abundante no organismo dos seres humanos, o magnésio é um macronutriente relativamente fácil de ser obtido por meio da alimentação. Ele está presente em folhas verdes, legumes, nozes, sementes, abacate, banana, abóbora, frutas secas e uma infinidade de outros vegetais. Apesar disso, dietas ricas em comida processada ou nos chamados ultraprocessados podem privar as pessoas desse nutriente. E isso é especialmente perigoso para o sistema imunológico, pior ainda para quem luta contra o câncer.
Foi o que descobriram cientistas da Universidade de Basiléia, na Suíça, em um estudo conjunto com o Hospital Universitário da cidade. Eles analisaram dados de estudos anteriores feitos em pacientes com câncer e observaram que aqueles com reduzida quantidade de magnésio no organismo tinham respostas menos eficazes para imunoterapias — tratamento que usa as células de defesa do próprio indivíduo para atacar os tumores.
Para entender como isso acontece, os cientistas observaram os linfócitos T de pacientes com níveis saudáveis de magnésio e compararam ao desempenho das células de pacientes com baixos índices do nutriente. Eles observaram que, no caso das pessoas com deficiência de magnésio, uma proteína das células T, a LFA-1, ficava dobrada sobre si própria.
Essa proteína fica na superfície da membrana celular e serve de ponto de ancoragem entre os linfócitos e as estruturas que eles buscam combater (sejam elas vírus, bactérias ou células de tumor). Como a LFA-1 dos pacientes com pouco magnésio estava disfuncional, os linfócitos T dessas pessoas também ficaram inativos permitindo que aquele organismo fosse atacado por invasores externos ou câncer.
Por outro lado, nas amostras com níveis saudáveis de magnésio a LFA-1 ficava em uma posição estendida, por tanto, ativa. A proteína age nos linfócitos como uma ponte levadiça entre eles e o agressor, enquanto o magnésio é a dobradiça que diz se a ponte será, de fato, uma passagem ou não.
Estudos contínuos
A pesquisa suíça é mais uma peça da engrenagem científica que busca conhecer melhor o sistema imunológico e desenvolver intervenções médicas baseadas no melhor funcionamento dele, como as imunoterapias. As descobertas da Universidade de Basiléia confirmaram, por exemplo, indícios apontados em estudos anteriores que relacionavam a deficiência de magnésio no organismo com uma série de doenças.
O próximo passo dos cientistas é confirmar clinicamente o efeito da presença do mineral nos tumores. Para isso, eles pretendem aumentar de maneira controlada os níveis de magnésio em amostras de tecido com câncer, informou o professor Christoph Hess, que liderou o estudo. Depois disso, os pesquisadores pretendem testar se a suplementação de magnésio terá efeito clínico para estimular o desempenho do sistema imune.
O artigo A detecção de magnésio via LFA-1 regula a função efetora de células T CD8+ pode ser lido na íntegra (em inglês) na publicação científica Cell.
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