Embora tenham chegado ao mercado com a promessa de serem menos danosos à saúde, os cigarros eletrônicos não têm vantagem alguma em relação aos tradicionais quando o assunto é bem-estar do público que o consome. Isso é especialmente verdadeiro quando se olha para a forma como a nicotina age no organismo e em como ela está presente nos diferentes produtos da indústria do tabaco.
Essas são as conclusões da nota técnica Nicotina: o que sabemos, lançada pela organização não governamental ACT Promoção da Saúde. De acordo com o estudo, feito pela médica pneumologista da Universidade de São Paulo (USP) Stella Regina Martins, a nicotina tem efeitos prejudiciais sobre diferentes órgãos e sistemas do corpo humano. Segundo ela, usuários do composto de sais de nicotina, encontrados nos cigarros eletrônicos, têm um risco elevado de estabelecer a dependência rapidamente.
“Sabemos que os sais de nicotina são entregues diretamente às estruturas mais profundas do sistema respiratório, como brônquios e alvéolos, e rapidamente impactam o sistema nervoso”, explicou a pesquisadora no estudo. Além disso, esses produtos aumentam o risco de recaídas nas pessoas que lutam para parar de fumar e têm grande poder de atração sobre o público jovem.
“A estratégia propagada pelas empresas é semelhante à utilizada na inclusão dos filtros nos cigarros convencionais e apresentação de versões lights, com intuito de transmitir a ideia distorcida de produtos menos prejudicais e assim, atrair novos consumidores”, contou ao Correio Mariana Pinho, enfermeira e coordenadora do Projeto Tabaco da ACT Promoção da Saúde. Enquanto isso, esses produtos seguem gerando os mesmo efeitos prejudiciais ao cérebro, coração, sistema reprodutor, desenvolvimento gestacional e resistência à insulina por exemplo.
Atualmente, o Brasil tem uma política rígida de controle destes produtos. A venda dos dispositivos eletrônicos, por exemplo, é completamente proibida aqui. Ainda assim, eles são facilmente encontrados pela internet e em lojas de importação e particularmente atrativos para o público jovem, fazendo com que cerca de 70% dos consumidores de dispositivos eletrônicos tenham entre 15 e 24 anos de idade.
Assim, estudos de revisão de literatura, como a nota Nicotina, o que sabemos se destacam no contexto atual. Isso porque uma possível liberação da venda destes produtos no país poderia causar uma nova epidemia de tabagismo entre os jovens brasileiros, como a que ocorre nos Estados Unidos, por exemplo.
“A ACT advoga pelo avanço das políticas públicas de controle das doenças crônicas não transmissíveis, incluindo as de controle do tabaco. Está no escopo das nossas ações produzir conteúdo técnico e disseminá-lo para população, tomadores de decisão e legisladores, e monitorar as estratégias da indústria do tabaco”, explicou Pinho. A nota pode ser lida na íntegra aqui.
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