Homens de meia idade, divorciados e que moram sozinhos podem ter a saúde mais debilitada que seus correspondentes femininos, aponta estudo da Faculdade de Saúde e Ciências Médicas da Universidade de Copenhague. Segundo os pesquisadores, o efeito de sucessivos rompimentos e de uma vida sem muita companhia é sentido, principalmente, através do aparecimento de doenças inflamatórias crônicas.
Aterosclerose (enrijecimento das artérias), artrite, asma, demência, doenças cardiovasculares e maior mortalidade estão entre os efeitos notados. A professora Rikke Lund, do Departamento de Saúde Pública, explicou que esses achados são importantes para nortear a busca por soluções para os problemas dessa parcela da população.
A pesquisa acompanhou 4,8 mil dinamarqueses com idades entre 50 e 60 anos. Os cientistas analisaram dados arquivados em um banco de voluntários, além de respostas a questionários e exames de sangue que mediram a proteína c-reativa ou CRP, que indica a presença de tecidos inflamados no organismo. As informações eram relativas a um período de 20 anos da vida dos pacientes.
Ao contrário de outros trabalhos sobre o mesmo tema, que costumam focar mais em um único divórcio a longo prazo, esse grupo de cientistas observou o efeito de mais de um rompimento em períodos médios de seis anos. Eles também consideraram a vida comunitária dos entrevistados, de modo que o fato de morar sozinho se tornou uma variável relevante para o bem-estar de cada entrevistado.
“Homens e mulheres idosos demonstram padrões abrangentes, mas muito diferentes, quando se trata de buscar contato social. As mulheres são muito mais propensas a procurar a companhia de outras pessoas do que os homens. Essa pode ser a razão pela qual as mulheres que moram sozinhas têm muito contato social, enquanto os homens que moram sozinhos podem ser menos propensos a procurar companhia”, explicou a líder do estudo.
Solução é comportamental
De acordo com Lund, essa mudança de perspectiva é importante porque muda também as possíveis soluções para o problema. A pesquisadora acredita que não se trata de obrigar as pessoas a manterem relacionamentos ruins ou falidos, mas de compensar a perda da convivência conjugal e familiar com outras experiências sociais, que podem ser igualmente enriquecedoras.
A cientista cita as experiências de co-habitação, já existentes na Dinamarca, como um exemplo de caminho a se tomar. “As pessoas que se mudam para os esquemas de co-habitação para idosos são principalmente as mais favorecidas socioeconômicamente, o que significa que essas iniciativas não ajudam os mais vulneráveis. Portanto, devemos continuar a desenvolver formas de vida que enfrentem o isolamento que pode advir de morar sozinho”, ressalta. O desafio agora, pelo menos naquele país, é encontrar uma solução que seja boa e aplicável também para a camada menos abastada da população.
O artigo Dissoluções de parceria e morar sozinho afetam a inflamação crônica sistêmica? Um estudo de coorte de adultos dinamarqueses pode ser lido na íntegra (em inglês) aqui.
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