INGLATERRA

Genética: cientistas descobrem 74 regiões do genoma ligadas à obesidade

Segundo os pesquisadores do King's College London, a partir dos achados será possível encontrar uma estratégia personalizada para a manutenção de um peso saudável

Jéssica Gotlib
postado em 11/01/2022 15:42 / atualizado em 11/01/2022 15:45
Foto de arquivo de uma visita do chanceler do Tesouro da Inglaterra aos laboratórios do NIHR, onde a pesquisa foi feita -  (crédito: Jack Hill/AFP/POOL)
Foto de arquivo de uma visita do chanceler do Tesouro da Inglaterra aos laboratórios do NIHR, onde a pesquisa foi feita - (crédito: Jack Hill/AFP/POOL)

Um estudo publicado nesta terça-feira (11/1) encontrou 74 novas regiões do genoma ligadas à obesidade. De acordo com os cientistas, a descoberta pode ter diversas implicações práticas, entre elas, a oportunidade de desenvolver um tratamento personalizado a nível genético para que as pessoas consigam manter um peso saudável.

Isso porque os cientistas correlacionaram restos do processo de decomposição de um alimento em energia, o metabolismo, com áreas específicas do mapa genético dos voluntários. Esses resquícios são chamados metabólitos e alguns deles estão diretamente ligados ao bem-estar instantâneo fornecido após uma refeição, enquanto outros estão atrelados aos principais processos fisiológicos do organismo e que interferem em seu equilíbrio.

“Alguns dos metabólitos que analisamos estão ligados ao IMC e podem nos dar uma visão da obesidade em alguns indivíduos. É uma pesquisa muito inicial, mas no futuro essas descobertas podem ajudar a desenvolver abordagens para manter um peso saudável que levem em consideração o perfil genético de uma pessoa”, explicou Cristina Menni do Departamento de Pesquisa de Gêmeos e Epidemiologia Genética do King's College London.

Ela é a autora sênior do estudo e falou, na carta de apresentação do artigo, que os achados também podem ajudar a encontrar tratamentos específicos para outras condições clínicas. A pesquisa buscou os níveis de 722 metabólitos no sangue de mais de oito mil pessoas que se cadastraram no banco de dados NIHR BioResource. Depois, os resultados foram confirmados em um grupo controle formado por 1.768 voluntários.

Segundo o pesquisador do Departamento de Pesquisa de Gêmeos e Epidemiologia Genética, Pirro Hysi, nenhuma outra pesquisa no ramo tinha sido feita com tamanha amplitude e isso só foi possível por causa do banco de dados colaborativo do Reino Unido, o NIHR BioResource. “Este estudo é o estudo de maior escala de seu tipo de níveis de metabólitos até o momento e seus resultados aumentam nosso conhecimento dos mecanismos genéticos que controlam o metabolismo humano”, ressaltou.

O trabalho foi apoiado pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde (NIHR) Guy's e St Thomas' Biomedical Research Center. A equipe por trás do estudo era do Departamento de Pesquisa de Gêmeos e Epidemiologia Genética, do King's College London e do NIHR BioResource.

O artigo completo intitulado Estudo de associação do genoma do metaboloma identifica 74 novas regiões genômicas que influenciam os níveis de metabólitos plasmáticos, em tradução livre, pode ser lido, em inglês, no site da publicação científica MDPI.

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