Os líderes da União Europeia (UE) destacaram nesta quinta-feira (16) a necessidade de acelerar a vacinação contra a covid-19 e tentam encontrar uma posição comum diante do aumento dos contágios e do avanço da variante ômicron, que já levou diversos países do bloco a aprovarem restrições de entrada de forma unilateral.
"A extensão da vacinação para todos e a aplicação de doses de reforço são cruciais e urgentes", informaram os dirigentes em suas conclusões após as discussões desta manhã.
As previsões da Comissão Europeia apontam que a nova variante, ainda mais contagiosa que as anteriores, será a dominante no continente em meados de janeiro.
O continente apresenta boas taxas de vacinação comparativamente com outras partes do mundo, com 67% da população com o esquema vacinal completo.
Mas há países ainda atrasados. Nove dos 27 membros da União Europeia apresentam taxas inferiores aos 60% e Bulgária, Romênia e Eslováquia nem mesmo chegam aos 50%.
"A chave é seguir com a vacinação", afirmou o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.
Com uma das maiores taxas do continente, o país iniciou na quarta-feira a imunização de crianças de 5 a 11 anos.
Neste sentido, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso no Brasil da vacina da Pfizer-BioNTech em crianças desta faixa etária, em linha com um número crescente de países que buscam imunizar os menores.
Restrições unilaterais
A deterioração da situação sanitária no continente se tornou a prioridade da cúpula europeia, que também abordou as tensões entre Rússia e Ucrânia, o controle migratório após a crise em Belarus e o aumento de preços da energia, embora estes temas tenham ficado em segundo plano.
Devido à rápida propagação da ômicron no Reino Unido, a França proibirá a partir de sábado as viagens não essenciais procedentes de, ou para o Reino Unido, que não integra mais a UE.
O Reino Unido registrou nesta quinta-feira outro recorde de casos diários de covid-19 desde o início da pandemia, com mais de 88.000 casos, de acordo com dados oficiais.
A rainha Elizabeth II decidiu cancelar a grande refeição que organiza tradicionalmente antes do Natal com sua família, em função do aumento das infecções pela variante ômicron.
A ômicron também provocou o retorno das restrições de mobilidade entre países da UE, algo que parecia no passado desde a adoção, em julho, do passaporte sanitário europeu que permitia aos vacinados viajarem sem a necessidade de testes, ou de quarentenas.
Itália, Irlanda, Portugal e Grécia intensificaram as restrições de entrada a partir de Estados-membros, com a exigência de testes de PCR mesmo para visitantes vacinados.
A Comissão Europeia recordou que as medidas unilaterais devem ser "proporcionais" e com a duração o mais curta possível.
Os líderes destacaram nesta quinta-feira a importância de uma "abordagem coordenada sobre a validade do passe da covid".
A Comissão se prepara para fixar em nove meses, após uma primeira pauta de vacinação completa, a validade do certificado para viagens dentro do bloco, segundo fontes europeias.
Os dirigentes também poderiam ter abordado a questão da vacinação obrigatória, que Áustria e Alemanha se preparam para impor. No entanto, aplicar esta medida será decisão de cada país e não do bloco.
De todo modo, o Centro Europeu para para a Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) advertiu que a vacinação "não é suficiente" para frear as transmissões e defendeu o retorno de medidas como o teletrabalho, o uso de máscara e a limitação da capacidade em espaços públicos.
Novos tratamentos
Diante do aumento dos casos, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) aprovou nesta quinta-feira dois novos tratamentos contra a covid-19, um baseado em anticorpos monoclonais de GlaxoSmithLkine e um medicamento imunossupressor.
Além disso, a agência sanitária autorizou o uso emergencial da pílula contra a covid da Pfizer, além de sua aprovação formal.
Na área econômica, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira que reduzirá o apoio à economia, apesar da propagação da variante ômicron, enquanto se mantém preparado para responder ao aumento da inflação.
A pandemia provocou mais de 5,3 milhões de mortes e pelo menos 271 milhões de casos, de acordo com um balanço da AFP baseado em números oficiais.
Os contágios também aumentam na África. Na quarta-feira (15), a África do Sul registrou quase 27.000 novos casos de coronavírus em 24 horas, semanas depois de ter anunciado a descoberta da variante ômicron.
A mesma situação acontece na Ásia, onde apenas a China parece blindada. O país, onde foram registrados os primeiros casos de coronavírus há dois anos, informou nesta quinta-feira que registrou um total de 100.000 casos desde o início da pandemia, em uma população total de 1,4 bilhão de pessoas.
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