A aplicação de uma terceira dose da vacina contra a covid-19 pode reduzir em 90% o risco de morte pela doença, em comparação com pessoas que receberam duas inoculações. Os dados, divulgados na revista especializada New England Journal of Medicine, foram revisados por outros especialistas e são resultados de uma análise feita por cientistas israelenses a partir de informações de mais de 800 mil pessoas imunizadas com o fármaco protetivo desenvolvido pela empresa Pfizer.
Dos 843.208 participantes, 758.118 (90%) receberam o reforço pelo menos cinco meses após a segunda dose. "Entre os que receberam uma terceira dose, foi observada redução de 90% na mortalidade por covid-19, 88% entre os homens e 94% entre as mulheres, em comparação com aqueles que receberam apenas duas doses", escreveram os pesquisadores do artigo, liderado por Ronen Arbel, pesquisador da University of Negev, em Israel.
A equipe também enfatiza que a avaliação foi realizada em um período no qual a incidência da covid-19 em Israel era uma das mais altas do mundo, desencadeada pelo surgimento da variante delta do Sars-CoV-2, que segue sendo a cepa dominante em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A recém-surgida variante ômicron não fez parte da análise.
Mais estudos
Segundo os pesquisadores, a avaliação precisa ser aprofundada, com análises feitas em um período mais longo, já que o estudo durou 54 dias. Eles acreditam, porém, que os dados já obtidos podem ser usados pelas autoridades de saúde com o objetivo de aprimorar o sistema de vacinação de indivíduos mais velhos.
"Embora esse estudo seja de natureza observacional, acreditamos que as descobertas significativas têm potencial para salvar muitas vidas, pois podem ajudar os tomadores de decisão na hora de decidir quem deve tomar o reforço vacinal para a covid-19", justificam. "No entanto, estudos com períodos de acompanhamento de longo prazo para avaliar a eficácia e a segurança dessa dose extra de proteção ainda são necessários", acrescentam.
Os pesquisadores também ressaltam que análises semelhantes precisam ser feitas com outros tipos de vacina contra covid-19 e em pessoas que receberam doses de fármacos protetivos mistos. No Brasil, o imunizante da Pfizer tem sido a principal opção na aplicação da dose de reforço.