Em meio a um intenso movimento de enrijecimento das políticas de detecção da variante ômicron, adotado por vários países ao redor do mundo, um epidemiologista alemão afirmou que a mais recente forma do novo coronavírus pode ser, na verdade, um “presente de Natal” e fazer com que a pandemia termine mais cedo. As informações são do jornal britânico Evening Standard.
Karl Lauterbach, professor e futuro ministro da Saúde da Alemanha, fez a declaração com base nos dados obtidos até o momento. Para ele, a quantidade de mutações vistas na ômicron — 32 apenas na proteína Spike —, pode otimizar o vírus e tornar as infecções menos graves.
A informação é confirmada por especialistas da África do Sul, que afirmam que os casos registrados apresentam sintomas leves e nenhuma morte foi constatada. Assim, para Lauterbach, a variante pode “imunizar” as pessoas sem causar efeitos devastadores, como a Delta, por exemplo.
A opinião do epidemiologista alemão também é defendida por Anthony Fauci, principal conselheiro da presidência dos EUA em questões de saúde. Ele afirmou que o comportamento da nova cepa é “animador”.
“Embora seja muito cedo para fazer afirmações definitivas, até agora não parece que haja um grande grau de gravidade”, afirmou Fauci à CNN. “Até agora, os sinais são um tanto animadores”.
Na contramão de Lauterbach e Fauci, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu que os países estejam preparados para uma disseminação em massa. A organização afirmou que a ômicron é um lembrete de que “a covid-19 não terminou com o mundo”.
Em 29 de novembro, o diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom, ainda disse que o surgimento da variante “sublinha o quão perigosa e precária é a nossa situação” e que “ganhos conquistados com dificuldade podem desaparecer em um instante”.
Apesar das afirmações, a OMS disse que a variante não é motivo para pânico e que levará cerca de duas semanas para obter informações conclusivas sobre a ômicron. Nesta terça-feira (7/12), o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Kluge, afirmou que é a Delta, e não a ômicron, o problema da nova onda de casos na Europa.
Vacina parece ser eficaz contra nova cepa, mas ainda é cedo para afirmar
O especialista sul-africano Salim Abdool Karim afirmou que as vacinas produzidas até o momento contra a covid-19 são “altamente eficazes” contra a nova cepa. O professor da Universidade de Columbia na África do Sul foi um dos principais conselheiros do governo da África do Sul durante a primeira onda da pandemia.
Abdool disse que as vacinas protegem contra a hospitalização e sintomas graves do coronavírus. Por este motivo, ele afirmou que “ainda é muito cedo” para saber se a nova cepa irá, realmente, causar infecções sérias.
Isso porque apesar do caso de hospitalizações aumentarem nos países que já registraram a presença da variante, o sequenciamento do genoma para confirmar qual é o vírus do paciente ainda não foram contabilizados.
“Com base no que sabemos e como as outras variantes reagiram à imunidade da vacina, podemos esperar que ainda veremos alta eficácia para hospitalização e doenças graves nas infecções da ômicron; a proteção das vacinas provavelmente permanecerá forte”, disse durante uma entrevista coletiva no país em 29 de novembro.
Apesar disso, as farmacêuticas informaram que já se debruçam em novos estudos para verificar uma atualização para as vacinas. A chinesa Sinovac informou, nesta terça-feira (7/12), que a Coronavac adaptada para combater a ômicron deverá ficar pronta até fevereiro de 2022.