Já se perguntou onde foram parar todos aqueles fragmentos que, ao se desprender, deram origem às crateras lunares? Bem, mesmo que você ainda não tenha se feito essa pergunta, pesquisadores da Universidade do Arizona acreditam estar perto da resposta.
É que os astrônomos Benjamin Sharkey e Vishnu Reddy observavam um asteroide, chamado Kamo'oalewa, quando perceberam que ele tinha um aspecto muito incomum para rochas do tipo. “Não se parece com o que esperaríamos se fosse. Observamos quase 2.000 espectros de outros asteróides próximos à Terra, e nenhum deles correspondia”, disse Sharkey à revista New Scientist.
O Kamo'oalewa acompanha a Terra há vários períodos orbitais, tornando-se assim um Quasi-satellite ou quase-lua, e reflete uma radiação vermelhada bastante característica. Além dele, os cientistas conhecem pelo menos outros cinco com o mesmo comportamento durante a translação.
O ponto é que, nem os asteroides que passam mais esporadicamente pelo nosso planeta, nem estes mais próximos, refletem a luz como o Kamo'oalewa. E, em astronomia, dificilmente algo é tão singular a ponto de ser único. Assim, a equipe da Universidade do Arizona comparou os dados do Kamo'oalewa com os de outros corpos celestes tão atipicamente vermelhos quanto ele.
Para a surpresa dos cientistas, o resultado também não apontou grandes semelhanças entre as amostras. Foi quando eles encontraram uma combinação inesperada: uma amostra de rocha lunar trazida pelas missões Apollo refletia luz em um comprimento de onda muito mais próximo do Kamo'oalewa que os registros de qualquer outro asteroide.
De posse dessa informação, a equipe formulou uma teoria de que o enigmático asteroide foi arremessado da Lua após algum impacto. “É uma espécie de peça que faltava no quebra-cabeça”, disse Reddy. “Temos meteoritos na Terra, temos buracos na lua de onde vieram algumas dessas rochas, e esta pode ser a peça intermediária”, desvendou também à New Scientist.
Ainda que feliz com a descoberta, o grupo agora tem um desafio muito maior à frente. É preciso saber quando e de que parte da Lua o asteroide se desprendeu. “A única maneira de fazer isso seria obter uma amostra do Kamo'oalewa”, destacou Reddy.