A agência reguladora europeia para o setor de medicamentos (EMA, na sigla em inglês) recomendou o uso dos primeiros anticorpos monoclonais para combater a covid-19. O Ronapreve, produzido pela farmacêutica suíça Roche, e o Regkirona, do laboratório sul-coreano Celltrion, mostraram-se, em pesquisas científicas, eficazes para tratar e prevenir a doença. Ao analisar resultados desses ensaios clínicos, o órgão regulador considerou que "os benefícios dos medicamentos são superiores aos riscos para as suas utilizações aprovadas".
Os anticorpos são uma das bases do sistema imunológico humano, agem diante da presença de um elemento estranho, como um vírus ou uma bactéria, para proteger o corpo. Laboratório reproduzem sinteticamente essas estruturas de defesa, que, nesse caso, são chamadas de anticorpos monoclonais. Os aprovados pela EMA são projetados para se anexar à spike, a proteína do novo coronavírus que o ajuda a infectar células humanas.
Na avaliação da comissária europeia da Saúde, Stella Kyriakides, a aprovação dos dois medicamentos é um "passo importante" no enfrentamento à pandemia. "Em um momento em que sobem as infecções em quase todos os Estados-membros, é reconfortante ver novos tratamentos promissores em desenvolvimento na nossa estratégia farmacêutica contra a covid-19", afirmou.
As pesquisas
Um dos estudos avaliados por especialistas mostra que, entre os pacientes com risco aumentado de ter covid grave, 3,1% dos tratados com o Regkirona (substância ativa regdanvimab) foram hospitalizados, necessitaram de oxigênio suplementar ou morreram ao longo de 28 dias de terapia. A taxa entre os não submetidos à abordagem experimental foi de 11,1%.
No caso do Ronapreve (asirivimab/imdevimab), o estudo principal mostra que a terapia reduz o número de hospitalizações e morte. No geral, 0,9% dos tratados foi internado ou morreu ao longo de 29 dias de tratamento, contra 3,4% dos não submetidos à terapia.
Esse anticorpo também se mostrou efetivo para evitar a infecção pelo novo coronavírus. Segundo a EMA, um dos estudos mostram que, após terem contato com alguém próximo infectado pelo Sars-CoV-2 e assintomático, 29% das pessoas que tomaram a droga testaram positivo e desenvolveram sintomas dentro de 14 dias. Entre as que receberam placebo, a taxa subiu para 42,3%.