No primeiro dia de confinamento para pessoas não vacinadas ou que não contraíram recentemente a covid-19, foi grande a procura por postos de vacinação em Viena e em outras cidades austríacas. Com a medida, inédita na União Europeia, as autoridades tentam frear o número recorde de novos casos da doença. E não descartam mesmo avançar nas restrições, limitando mesmo a circulação de vacinados à noite, ideia que enfrenta forte resistência.
Aproximadamente 65% da população recebeu as duas doses da vacina na Áustria, percentual inferior à média europeia, que é de 67%, e longe do nível alcançado por países como Espanha (79%) e França (75%). Ao anunciar o plano de confinamento, o chanceler Alexander Schallenberg considerou o índice “vergonhosamente baixo”.
Com a adoção do lockdown, concretamente, cerca de 2 milhões de pessoas não poderão deixar suas casas, a não ser para fazer compras, praticar esportes ou receber atendimento médico. A medida vale para todos a partir de 12 anos.
Ontem, aViena começou a vacinar crianças de 5 a 11 anos, apesar de o regulador europeu ainda não ter dado o seu aval para o uso do imunizador Pfizer/BioNTech em pessoas dessa faixa etária. A procura foi grande. “Isso nos tranquiliza”, afirmou Gerald Schwarzl, 41, com seus dois filhos, um deles, Theo, de 5 anos. "Acreditamos que eles estarão protegidos da mesma forma que foram com as outras vacinas." No momento, 200 menores podem ser vacinados por dia.
Para garantir a efetividade do confinamento, as autoridades estão fazendo checagens não anunciados — “em uma escala sem precedentes”, segundo o governo — em zonas públicas. Quem se arriscar e for flagrado na rua sem ter tomado a vacina está sujeito a pagar uma multa de 500 euros (em torno de R$ 3,1 mil). Os que se negarem a passar pelos controles vão pagar 1.450 euros (R$ 8,99 mil).
O governo avaliará os resultados das restrições em um prazo de 10 dias. Uma comissão parlamentar autorizou a medida no domingo à noite, graças ao apoio do partido conservador e dos Verdes, membros da coalizão no poder. A oposição foi contra.
As pessoas não vacinadas já estavam proibidas de entrar em locais como restaurantes, hotéis e salões de beleza. A resistência de parte da população ao confinamento é forte. Ainda no domingo, centenas de manifestantes contrários à medida se reuniram diante da sede de governo exibindo cartazes com frases em repúdio à vacinação obrigatória.
Em Viena, mesmo os vacinados passaram a observar regras. Desde ontem, para comparecer a eventos culturais ou esportivos com mais de 25 pessoas ou sair para jantar passou a ser exigido um teste PCR, além do certificado de vacinação ou de recuperação da doença.
Europa
Além da Áustria, que registrou o recorde de 13 mil novos casos de covid-19 no sábado, Holanda e Alemanha restabeleceram restrições no último fim de semana. A Europa é afetada por uma nova onda da pandemia, que vem se agravando nos últimos dias.
Na semana passada, os 10 países que registraram as maiores acelerações de disseminação do novo coronavírus — entre aqueles com pelo menos mil contaminações diárias — eram europeus. A Alemanha liderava a lista, com 31,7 mil diagnósticos por dia, seguida por Polônia (14,6 mil), Holanda (10,9 mil) e Áustria (9,6 mil).
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.