"A maior parte da queima (de combustíveis fósseis) aconteceu desde o início de Seinfeld. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, esse número é cerca de 85%. A história da missão suicida do mundo industrial é a história de uma vida — o planeta foi levado de uma aparente estabilidade à beira da catástrofe nos anos entre um batismo ou um bar mitzvah e um funeral."
Foi assim que o escritor e jornalista americano David Foster Wallace, especialista na crise climática, descreveu, em seu livro A Terra Inabitável: uma história do futuro, a história das emissões de CO2 da humanidade.
O gráfico abaixo confirma a afirmação de Wallace: cerca de 52,74% da emissão de CO2 em todo o mundo ocorreu a partir de 1990 (a série americana Seinfeld começou em 1989).
Mesmo depois da Revolução Industrial, a emissão do que hoje sabemos ser um dos principais gases de efeito estufa ainda cresceu de maneira relativamente lenta até meados do século 20.
Em 1950, apenas cinco anos depois do fim da Segunda Guerra, as emissões globais por ano saltaram de 4 bilhões para 6 bilhões de toneladas de dióxido de carbono.
Mas, em 1989, esse número já tinha chegado a 22 bilhões de toneladas, quase quatro vezes mais.
Em 2019, o dado mais recente, o mundo emitiu 36,4 bilhões de toneladas do gás.
A redução das emissões de gases de efeito estufa é o principal tema da COP26 (a conferência do clima da Organização das Nações Unidas), que acontece em Glasgow, na Escócia.
Para essa conferência, mais de 190 países foram instados a apresentar planos de corte de emissões até 2030. Todos eles concordaram em 2015 em promover mudanças para manter o aquecimento global "bem abaixo" de 2°C acima dos níveis pré-industriais — e tentar atingir 1,5°C — para evitar uma catástrofe climática.
De onde vêm as emissões?
Cerca de 86% das emissões de dióxido de carbono do mundo vêm da queima de combustíveis fósseis para a produção de energia e materiais.
As primeiras eras da industrialização foram dominadas pela queima de carvão vegetal. Só no final do século 19 começam a aumentar as emissões por petróleo e gás natural. E, no final do século 20, as emissões pela produção de cimento e pela chama — um dispositivo de combustão de gases inflamáveis usado na indústria, se tornam mais significativas.
Os outros 14% das emissões de CO2 são decorrentes da mudança de usos da terra, principalmente desmatamento e queimadas.
Segundo o Acordo de Paris, os países têm que continuar fazendo cortes até chegar à neutralidade nas emissões de dióxido de carbono em 2050.
Ou seja, as emissões que não podem ser evitadas por tecnologia limpa em 2050 deverão ser soterradas com a tecnologia de captura e armazenamento de carbono ou absorvidas por plantas e solos.
Uma nova pesquisa sobre acumulado histórico de emissões de CO2 põe o Brasil entre os maiores poluidores do mundo. No estudo, que leva em consideração pela primeira vez o desmatamento ao contabilizar a liberação do gás, o Brasil aparece em quarto lugar no ranking de emissões desde 1850.
A China, gigante emergente que só pretende começar a reduzir suas emissões a partir de 2030, é apontada como o segundo maior emissor de gases do efeito estufa no acumulado histórico, atrás dos Estados Unidos.
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