As mudanças climáticas são a maior ameaça à saúde humana, advertiu a Organização Mundial da Saúde em um relatório especial, divulgado ontem, com a temática da COP 26, a conferência que discutirá, a partir de 31 de outubro, políticas de contenção e mitigação do aquecimento global. O documento pede que os países estabeleçam “compromissos climáticos nacionais ambiciosos se quiserem manter uma recuperação saudável e verde da pandemia de covid-19”.
O Relatório Especial da OMS COP 26 sobre Mudança Climática e Saúde detalha os impactos das alterações do clima na saúde, com base em um corpo crescente de pesquisas científicas. “A pandemia de covid-19 iluminou os vínculos íntimos e delicados entre humanos, animais e nosso meio ambiente”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da agência da ONU, em uma coletiva de imprensa on-line.
“As mesmas escolhas insustentáveis que estão matando nosso planeta estão matando as pessoas. A OMS exorta todos os países a se comprometerem com uma ação decisiva na COP 26 para limitar o aquecimento global a 1,5 °C, não apenas porque é a coisa certa a fazer, mas porque é do nosso interesse.”
O novo relatório da OMS destaca 10 prioridades para proteger a saúde das pessoas e do planeta e foi lançado ao mesmo tempo em que uma carta aberta, assinada por mais de dois terços da força de trabalho global em saúde — 300 organizações que representam pelo menos 45 milhões de médicos e profissionais de saúde em todo o mundo —, convoca líderes e delegações nacionais para intensificar as ações durante a COP 26.
“Onde quer que prestemos atendimento, em nossos hospitais, clínicas e comunidades ao redor do mundo, já estamos respondendo aos danos à saúde causados pelas mudanças climáticas”, diz o documento. “Apelamos aos líderes de todos os países e seus representantes na COP 26 para evitar a catástrofe de saúde iminente, limitando o aquecimento global a 1,5 °C.”
Impactos crescentes
O relatório e a carta aberta foram divulgados em um momento em que eventos climáticos extremos sem precedentes têm sido associados a impactos crescentes na saúde e na vida das pessoas. Ondas de calor, tempestades e inundações matam milhões e sobrecarregam sistemas de saúde, lembra o documento da OMS. “As mudanças no tempo e no clima estão ameaçando a segurança alimentar e aumentando as doenças transmitidas por alimentos, água e vetores, como a malária, enquanto os impactos climáticos também afetam negativamente a saúde mental.”
A OMS também destaca, no texto, a necessidade de substituir os combustíveis fósseis por fornecedores de energia menos maléficos. “A queima de combustíveis fósseis está nos matando. Embora ninguém esteja seguro dos impactos das mudanças climáticas na saúde, eles são desproporcionalmente sentidos pelos mais vulneráveis e desfavorecidos. ”
O relatório conclui que proteger a saúde das pessoas requer ações transformacionais em todos os setores, incluindo energia, transporte, natureza, sistemas alimentares e finanças.
“Nunca foi tão claro que a crise climática é uma das emergências de saúde mais urgentes que todos enfrentamos”, disse Maria Neira, diretora de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da OMS. “Reduzir a poluição do ar aos níveis das diretrizes da OMS, por exemplo, diminuiria o número total de mortes globais por esse motivo em 80%.” (PO)