EXPLORAÇÃO ESPACIAL

Bebê estelar: astrônomos observam planeta 2 mil vezes mais novo que a Terra

Cientistas havaianos encontraram o corpo celeste na constelação de Touro e perceberam que ele ainda emana calor da época em que foi formado

Jéssica Gotlib
postado em 25/10/2021 13:58 / atualizado em 25/10/2021 14:00
Este sabre de luz celestial está dentro de um terreno turbulento de nascimento de novas estrelas conhecido como complexo de nuvem molecular Orion B; foto do dia da NASA -  (crédito: Crédito de imagem: NASA / ESA)
Este sabre de luz celestial está dentro de um terreno turbulento de nascimento de novas estrelas conhecido como complexo de nuvem molecular Orion B; foto do dia da NASA - (crédito: Crédito de imagem: NASA / ESA)

Um planeta cinco vezes mais massivo que Júpiter foi observado na constelação de Touro por pesquisadores da Universidade do Havaí. No estudo, divulgado na última sexta-feira (22/10), os astrônomos explicam que esse é um dos planetas mais jovens já encontrados. Nomeado 2M0437b, o "bebê" gigante tem entre 2 e 5 milhões de anos de idade.

Para os cientistas, o achado vai ajudar a entender como os planetas se formam, já que ele pode ser observado diretamente da Terra por um telescópio, o que é raro nessas descobertas. Algumas características já foram reveladas, como a temperatura da superfície do 2M0437b, por exemplo. Comparável à lava do vulcão Kilauea, o calor emanado pelo planeta ainda é resultado do processo de separação entre ele e sua estrela mãe.

Aliás, a relação dos dois astros é outro ponto interessante. A estrela, que dista 400 anos-luz da Terra, também foi formada recentemente. Ela e o 2M0437b estão separados por um espaço 100 vezes maior que a distância do nosso mundo ao Sol. Esse fator é uma das características que permite a observação direta, já que as chances de a estrela-mãe interferir no que os astrônomos veem são bastante reduzidas.

"Ao analisar a luz deste planeta, podemos dizer algo sobre sua composição e, talvez, onde e como ele se formou em um disco de gás e poeira há muito desaparecido em torno de sua estrela", explicou Eric Gaidos, principal autor do estudo, na nota para a imprensa que acompanha o artigo.

Imagem direta do planeta 2M0437, tirada por IRCS no telescópio Subaru em Maunakea. A estrela hospedeira, muito mais brilhante, foi quase totalmente removida e os quatro “espinhos” são artefatos produzidos pela ótica do telescópio
Imagem direta do planeta 2M0437, tirada por IRCS no telescópio Subaru em Maunakea. A estrela hospedeira, muito mais brilhante, foi quase totalmente removida e os quatro “espinhos” são artefatos produzidos pela ótica do telescópio (foto: Telescópio Subaru )

Este exoplaneta foi visto pela primeira vez em 2018 em uma área conhecida como berçário estelar. De lá para cá, foi necessário ajustar os sistemas óticos usados na observação para compensar as distorções causadas pela atmosfera terrestre. Durante esse tempo, os astrônomos também confirmaram que se tratava de um planeta, e não outro tipo de corpo celeste qualquer.

Nos próximos anos, mais informações devem ser colhidas a partir dos telescópios Hubble e James Webb, que será lançado em dezembro de 2021. Os achados estão descritos em um artigo publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, revista científica de astronomia da Universidade de Oxford.

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