Duas perguntas / Carlos Gil Ferreira - oncologista e presidente do Instituto Oncoclínicas

Correio Braziliense
postado em 26/09/2021 06:00 / atualizado em 27/09/2021 15:30
 (crédito:  Grupo Oncoclínicas/Divulgação)
(crédito: Grupo Oncoclínicas/Divulgação)


Quais estudos apresentados no congresso da Esmo foram os mais importantes, na opinião do senhor?
Esse congresso vem se tornando a cada ano um evento cada vez mais relevante, em que dados inéditos e que mudam condutas são apresentados. Houve avanços no tratamento de alguns tumores, como o câncer de colo uterino, com a comprovação de que a imunoterapia tem papel no tratamento das pacientes com doenças avançadas. Também foram apresentados dados importantes sobre o câncer de mama e tumores geniturinários. Então, é realmente um congresso que veio para marcar a era. Embora a gente não tenha nenhuma mudança completa de paradigma, os estudos mostram, com certeza, avanços para vários tipos de tumores.


Várias companhias apresentaram estudos sobre câncer de pulmão, o que mais mata no mundo. Algum pode ser considerado, de fato, promissor?
Houve vários dados interessantes. O primeiro é na população de pacientes com câncer de pulmão com alterações de HER2, o mesmo receptor alterado em câncer de mama, e que ocorre em entre 2% e 4% dos pacientes. O uso de uma droga chamada trastuzumabe deruxtecano mostrou um resultado muito promissor, que pode representar uma nova opção de tratamento para esses pacientes. Talvez o estudo mais desafiador tenha sido o apresentado durante o Simpósio Presidencial. É sobre o uso de imunoterapia, no caso, o atezolizumabe, em pacientes operados ou tratados com radiocirurgia. Ainda é imaturo em termos de resultado final, mas que mostra uma tendência de benefício; ele não muda a conduta ainda, mas a gente deve acompanhar pelos próximos anos pelo potencial que demonstrou.

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