DESEQUILÍBRIO CLIMÁTICO

Julho foi o mês mais quente registrado nos últimos 142 anos

Segundo dados de relatório, a temperatura combinada do oceano e da superfície terrestre foi 0,93°C acima da média do século 20, de 15,8°C

Julho foi o mês mais quente já registrado no mundo em todos os tempos. O recorde foi divulgado, ontem (13/8), pela Agência de Gestão Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa, em inglês). O anúncio preocupante foi feito quatro dias após a publicação do relatório produzido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU, em que especialistas internacionais mostram que a crise climática tem se agravado e alertam para a importância da tomada de medidas mais efetivas no combate ao aquecimento global.

“Esse novo registro contribui para a inquietante e perturbadora trajetória da mudança climática no planeta”, assinalou, em um comunicado à imprensa, Rick Spinrad, administrador da Noaa, citando dados dos Centros Nacionais de Informações Ambientais. De acordo com a agência americana, a temperatura combinada do oceano e da superfície terrestre foi 1,67 °F (0,93°C) acima da média do século 20, de 60,4°F (15,8 °C), tornando o mês passado o mais quente desde o início dos registros há 142 anos.

A temperatura do mês foi 0,02 °F (0,01°C) maior do que o recorde anterior estabelecido em julho de 2016, que foi igualado em 2019 e em 2020. O Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia, que também realiza registros de temperatura, mostrou um dado diferente. De acordo com a instituição, o mês passado foi o terceiro mês de julho mais quente já registrado. Especialistas destacam que a diferença verificada é algo comum, uma vez que as agências qualificadas, geralmente, apresentam pequenas distinções nos dados coletados.

A Noaa também divulgou alguns dados regionais, segundo os quais a Ásia teve o mês de maiores temperaturas, superando o recorde estabelecido há 11 anos. A Europa viveu seu segundo julho mais quente, empatando com o ano 2010 e ficando atrás de julho de 2018. América do Norte, América do Sul, África e Oceania tiveram um mês entre os 10 de mais calor. O anúncio ocorre no momento em que a Califórnia enfrenta o incêndio Dixie, o segundo maior na história do estado americano.

O calor extremo detalhado no relatório da Noaa também coincide com o relato de agravamento da situação climática divulgado pelo IPCC, na última segunda-feira. No documento, os cientistas avaliaram cinco cenários de emissões, do mais otimista ao mais pessimista, porém em todos eles a temperatura do planeta alcançará o limite de +1,5ºC por volta de 2030. Isso representaria o fracasso do Acordo de Paris, que tem como objetivo principal manter o aquecimento global abaixo de +2ºC, ou, se possível, de +1,5ºC. Os especialistas acreditam que antes de 2050, esse limite será superado, chegando inclusive a +2ºC, se as emissões não forem reduzidas drasticamente.

O IPCC destacou ainda que, mesmo se o aquecimento ficar limitado a +1,5°C, ondas de calor, inundações e outros eventos extremos sofrerão um aumento sem precedentes. “Cientistas de todo o mundo forneceram a avaliação mais atualizada das formas como o clima está mudando”, frisou Spinrad. “É um relatório preocupante do IPCC que conclui que a influência humana está, inequivocamente, causando as mudanças climáticas, e confirma que os impactos estão se espalhando e se intensificando rapidamente”, acrescentou.

Saiba Mais

Dose extra para imunodeprimidos nos EUA


Os Estados Unidos vão aplicar uma terceira dose da vacina anticovid-19 para pessoas com sistema imunológico debilitado. A decisão foi tomada, ontem, por um painel consultivo dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, em inglês), horas depois da autorização, em caráter emergencial, concedida pela FDA, a agência americana que regula o setor de alimentos e medicamentos.

A aplicação poderá começar já neste fim de semana, segundo informou o jornal Washington Post. A autorização vale para as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna.

As discussões sobre o uso de uma dose extra de imunizante para a covid-19 nos Estados Unidos surgem no momento em que o país luta contra o avanço da variante Delta no país. O debate tomou força também após Israel ter adotado a mesma medida.

“O país entrou em outra onda da pandemia da covid-19, e a FDA está especialmente consciente de que as pessoas imunodeprimidas correm um risco especial de sofrer uma doença grave”, declarou a comissária em exercício da agência, Janet Woodcock, na quinta-feira à noite.

Segundo informações divulgadas pela mídia americana, a decisão do painel dos CDC foi unânime. Os especialistas ressaltaram que pessoas com outras doenças não estão sendo aconselhadas a receber uma dose adicional nesse momento.

“Isso não incluiria residentes de instituições de longa permanência, pessoas com diabetes, pessoas com doenças cardíacas. Esses tipos de condições médicas crônicas não são a intenção aqui”, declarou Amanda Cohn, membro do CDC.

“Estudos adicionais sobre quanto tempo dura a imunidade em pessoas saudáveis estão em andamento e irão determinar o momento de quaisquer doses adicionais para a população em geral”, destacou um comunicado da instituição.

Alguns veículos da imprensa local, porém, sugerem que um milhão de americanos receberam a terceira dose contra o coronavírus, sem autorização, na tentativa de aumentar sua proteção contra o novo coronavírus. “As pessoas que estão totalmente vacinadas estão adequadamente protegidas e não precisam de uma dose adicional da vacina anticovid-19 no momento”, insistiu Woodcook.

Tubo de ensaio Fatos científicos da semana


Segunda-feira, 9
Depressão entre jovens aumenta na pandemia
Pesquisa publicada na revista médica Jama Pediatrics dá o alerta: a depressão e a ansiedade entre crianças e adolescentes dobraram durante a pandemia do novo coronavírus. O trabalho é o resultado da revisão de 29 estudos para avaliar os impactos na saúde mental de 80 mil participantes, com idade entre 4 anos a 17 anos. Os especialistas concluíram que um em cada quatro adolescentes externa “sintomas de depressão clinicamente elevados”. E um em cada cinco manifesta traços de ansiedade. “Os resultados desta análise sugerem que a pandemia provavelmente instigou uma crise global de saúde mental na juventude”, assinalou a autora da pesquisa, Sheri Madigan, professora associada de psicologia clínica na Universidade de Calgary, no Canadá. Os efeitos na saúde mental podem decorrer do isolamento persistente, marcos perdidos, problemas financeiros e familiares, além do interrupção das aulas.

 

Terça-feira, 10
Vulcão Etna está maior
A importante atividade do Etna, cuja silhueta majestosa domina o leste da Sicília e principalmente a cidade da Catânia, fez com que o vulcão ganhasse tamanho, passando a atingir 3.357 metros. “A atividade registrada em 2021 produziu o acúmulo de quantidades significativas de materiais piroclásticos e camadas de lava no cone da cratera sudeste, a mais nova e mais ativa das quatro crateras no cume do Etna, causando uma transformação considerável da silhueta do vulcão”, destacou o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia (INGV), em um comunicado. Graças à análise de imagens de satélite, os cientistas do INGV puderam concluir que a cratera sudeste já ultrapassava sua “irmã mais velha” no nordeste, que foi por 40 anos o cume do famoso vulcão. A nova altura, que tem uma margem de erro de mais ou menos três metros, foi obtida a partir das imagens do satélite Plêiades tiradas em julho no âmbito da associação internacional Geohazard Supersites and Natural Laboratories (http://geo-gsnl.org/), que facilitou a atualização do modelo digital do Etna, vulcão ativo mais alto da Europa, com erupções frequentes há cerca de 500 mil anos.

 

Quarta-feira, 11
Estudo in vivo
Pela primeira vez, cientistas desenvolveram uma abordagem bem-sucedida para identificar proteínas dentro de diferentes tipos de neurônios no cérebro de um animal vivo. Liderado pela Universidade de Northwestern, o estudo foi publicado na revista Nature Communications. Os pesquisadores criaram um vírus para enviar uma enzima a um local preciso no cérebro de um camundongo. Derivada da soja, ela marca geneticamente as proteínas vizinhas em um local predeterminado (foto). Depois de validar a técnica por imagens do cérebro com fluorescência e microscopia eletrônica, os cientistas descobriram que a técnica tirou um instantâneo de todo o conjunto protéico (ou proteoma) dentro dos neurônios vivos, que podem então ser analisados post mortem com espectroscopia de massa. Trabalhos semelhantes foram feitos em culturas celulares, mas os pesquisadores ressaltam que observar as proteínas em um cérebro ativo é muito mais realista.

 

Quinta-feira, 12
Seguindo os passos de um mamute-lanoso
Pesquisadores do Canadá constataram que o mamute-lanoso, extinto 13 mil anos atrás, podia andar o equivalente a duas voltas da Terra em apenas 28 anos de vida. A descoberta, publicada na prestigiosa revista Science, pode ajudar a esclarecer hipóteses sobre a extinção do animal, cujos dentes eram maiores que um punho humano. “Em toda cultura popular, por exemplo no desenho animado A Era do Gelo, há mamutes que se deslocam muito”, disse Clement Bataille, professor assistente da Universidade de Ottawa e um dos principais autores do estudo. Entretanto, assinalou, não estava claro por que os mamutes viajavam distâncias tão longas — “já que um animal tão grande usa muita energia para se mover”. Os pesquisadores ficaram surpresos com os resultados: os mamutes estudados, provavelmente, caminharam cerca de 70 mil quilômetros e não permaneceram apenas nas planícies do Alasca, como esperado. Para realizar o estudo, os pesquisadores selecionaram e “leram” as presas de Kik, um mamute-lanoso macho que viveu no fim da última era do gelo. Nessa leitura, verificaram que o animal realizou “durante sua vida três ou quatro jornadas imensas de 500, 600 e até 700 quilômetros em poucos meses”.