Há alguns dias, as cooperativas da Unimed de João Monlevade (Região Central de Minas) e de Divinópolis (Centro-Oeste de Minas) exigiram o consentimento de maridos para autorizarem o procedimento para colocar o DIU (dispositivo intrauterino) em mulheres casadas, causando uma série de comentários negativos e desaprovação da medida.
O dispositivo intrauterino é um método contraceptivo que age localmente, no útero, podendo ser feito com cobre, cujo prazo de validade é de 10 anos dentro do corpo, ou com hormônio (progesterona), que vale por cinco anos. Nesses períodos, a mulher não precisa se preocupar com a possibilidade de engravidar, mas pode, se quiser, retirar o dispositivo a qualquer momento.
A ideia foi repudiada entre as brasileiras por ser um retrocesso na liberdade da mulher. Em entrevista ao Correio, Maria Mariana, médica ginecologista e obstetra, falou sobre a importância do método e como exigir uma autorização pode ser prejudicial para os direitos das mulheres.
"Além de ser ilegal, é algo que fere completamente o direito da mulher. A contracepção traz para a mulher uma liberdade sexual muito importante. Não só a liberdade sexual, quando a liberdade de planejar uma vida, escolhendo se quer ter filhos ou não, e se sim, quando quer ter esses filhos", contou.
Segundo a médica, no Brasil, cerca de 55% das gravidezes são não planejadas: "A gente tem que reforçar quanto a contracepção é algo importante para a mulher. Requerer que o marido assine alguma coisa é invalidar não só o direito da mulher, como invalidar o fato de que a mulher é dona do seu corpo e que ela decide o que fazer com o próprio corpo e quando quer ter filhos".
"Colocar essa assinatura para o DIU é um retrocesso. Diminui a liberdade da mulher. Com essa decisão, os planos de saúde estão dificultando o acesso a um método que é super eficaz para prevenir gravidez das mulheres. O plano de saúde não tem direito de dificultar esse acesso, que já super difícil no Brasil".
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