O sedentarismo é a causa de 5 milhões de mortes por ano, em todo mundo. A taxa foi apresentada em uma série de estudos publicados na última edição da revista especializada The Lancet. Os autores também destacam que a escassa realização de atividades físicas é preocupante principalmente em dois grupos: adolescentes e pessoas com deficiências físicas. Para os cientistas, é necessário que esse cenário, que se agravou durante a pandemia, seja revertido o quanto antes.
Os pesquisadores lembram que a inatividade física está ligada a um risco aumentado de doenças não transmissíveis, como enfermidades cardíacas, diabetes e cânceres. Em uma análise global, eles observaram que essas complicações geram pelo menos US$ 54 bilhões por ano em custos diretos de cuidados com a saúde, sendo mais da metade desse valor gasta pelos governos. A equipe enfatiza ainda que a atual crise sanitária poderá agravar o cenário. “Os bloqueios sociais possivelmente estão associados a taxas reduzidas de exercícios físicos em todo o mundo”, justificam em comunicado.
Uma das pesquisas da série mostra que 80% dos adolescentes não cumprem as diretrizes da OMS de prática de atividades físicas por 60 minutos diários. Além disso, 40% dos adolescentes nunca caminham para ir à escola e 25% permanecem sentados por mais de três horas por dia. Os pesquisadores também examinaram o tempo de tela de adolescentes em 38 países europeus. Descobriram que 60% dos meninos e 56% das meninas passam duas horas ou mais do dia assistindo à televisão, e que 51% dos meninos e 33% das meninas passam duas horas por dia ou mais jogando videogame.
Os autores avaliam que ainda se sabe pouco sobre as consequências desses hábitos. “Precisamos explorar as consequências de curto e longo prazo da inatividade física entre adolescentes, além de identificar formas eficazes de promover aumentos dos exercícios, especialmente à luz da pandemia da covid-19”, defende, em comunicado, Esther Van Sluijs, autora principal do artigo e pesquisadora da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.
Outro estudo mostra que a proporção de adultos com deficiência que vivem em países de alta renda e atendem às diretrizes de atividade física da OMS varia de 21% a 60%, em contraste com estimativas entre 54% e 91% para adultos sem deficiência. A diferença, segundo os autores, indica a importância de estratégias de incentivo à realização de atividades físicas focadas nos benefícios que elas proporcionam. “Só teremos uma maior conscientização pública sobre a saúde se nos concentrarmos nas vantagens de ser saudável em vez de administrar doenças”, justificam.