A variante Delta do novo coronavírus, que foi identificada, pela primeira vez, na Índia, pode se tornar a cepa dominante em todo o globo, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS). A preocupação foi anunciada ontem, em uma coletiva de imprensa, quando membros da agência das Nações Unidas também comentaram os resultados dos testes com uma vacina desenvolvida pela empresa alemã CureVac e reforçaram que países menos desenvolvidos têm encontrado dificuldade em aplicar as segundas doses contra a covid-19. Esses atrasos nas campanhas de imunização por falta de vacina, lembrou a equipe, contribuem para o surgimento de novas variantes do Sars-CoV-2.
A preocupação da OMS com a cepa Delta se dá pelos relatos recentes de aumentos de casos da doença provocados pela nova variante. Nações como Reino Unido, Alemanha e Rússia monitoram o avanço das infecções com preocupação. Ontem, autoridades russas anunciaram que 90% dos casos da capital, Moscou, foram causados por essa mutação. “A Delta está a caminho de se tornar a variante dominante globalmente por causa de sua maior transmissibilidade”, enfatizou Soumya Swaminathan, cientista-chefe da OMS.
A agência segue também acompanhando outras cepas. Nesta semana, se pronunciou sobre a variante identificada, em agosto de 2020, no Peru. Anteriormente chamada de C.37, ela foi batizada, na quarta-feira, de Lambda e recebeu o título de “variante de interesse”. Nesse caso, a OMS avalia que a Lambda pode se tornar um problema no combate à pandemia. A determinação, dessa forma, serve como um aviso de possível perigo e exige um maior monitoramento.
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CureVac
Uma má notícia relacionada ao combate às novas variantes também foi anunciada no evento de ontem. Os especialistas da OMS demonstraram desapontamento com o fracasso da vacina desenvolvida pelo grupo alemão CureVac. A empresa divulgou os resultados de uma análise feita com 40 mil pessoas de 10 países europeus e latino-americanos. Observou-se apenas 47% de eficácia do imunizante na prevenção da doença, um número abaixo da referência de 50%, estipulada pela OMS, para uso na população em geral.
Segundo a empresa alemã, pelo menos 13 variantes estavam circulando dentro do grupo que participou dos ensaios clínicos com a vacina, o que pode ter influenciado na baixa taxa de eficácia registrada. “Esperávamos resultados mais robustos na análise provisória, mas constatamos que é difícil alcançar alta eficácia com essa gama de variantes sem precedentes”, declarou o CEO do laboratório, Franz-Werner Haas, em nota à imprensa.
A OMS esperava uma taxa de eficácia mais alta, já que a CureVac é feita com base na tecnologia de mRNA, a mesma de imunizantes contra covid-19 bem-sucedidos. O da Pfizer, por exemplo, apresenta taxa de eficácia superior a 90%. “Só porque é outra vacina de mRNA, não podemos presumir que todas são iguais. Cada uma tem uma tecnologia ligeiramente diferente”, ponderou Swaminathan.