Pesquisadores dos Estados Unidos desenvolvem uma vacina que, além de proteger contra a covid-19, poderá impedir a infecção por uma série de outros coronavírus. O “superimunizante” tem como base a tecnologia de RNA mensageiro, usada por fármacos protetivos contra o Sars-CoV-2, como o da Pfizer e o da Moderna. Os resultados dos primeiros testes da fórmula, feitos em ratos, têm dados animadores e foram apresentados na última edição da revista Science.
No artigo, os autores enfatizam que, embora ninguém saiba qual patógeno pode causar o próximo surto pandêmico, os coronavírus são fortes candidatos, já que as últimas crises sanitárias foram desencadeadas por membros dessa família — como o Sars-CoV-2, agora, e o Sars, em 2002.
Em vacinas semelhantes, os desenvolvedores usaram o código genético da principal proteína do Sars-CoV-2, chamada S, para despertar a produção de anticorpos no organismo humano. Na supervacina, além da proteína S, há pedaços genéticos de uma série de outros coronavírus. Quando administrado em camundongos, o imunizante híbrido gerou a produção de anticorpos neutralizantes contra todo o grupo de patógenos previstos.
“Nossas descobertas são muito promissoras. Esses resultados iniciais indicam que poderemos nos proteger proativamente contra esse tipo de vírus, que representam um alto risco de emergir em humanos (…) Com essa estratégia, talvez possamos prevenir um Sars-CoV-3”, afirma, em comunicado, David Martinez, pesquisador da Universidade da Carolina do Norte e autor do estudo.
Victor Bertollo, médico infectologista do Hospital Anchieta de Brasília, avalia que a pesquisa mostra dados que sinalizam a possibilidade de prevenção de outras crises sanitárias. “É claro que a pandemia atual se tornou algo sem precedentes, mas já tivemos problemas sérios com a transmissão de outros tipos de coronavírus. Nós sabemos que o risco de surgir outra pandemia é alta, e a possibilidade de ela ser provocada por um coronavírus novamente também é expressiva”, justifica. “Será de grande ajuda termos um imunizante polivalente, que cubra todos esses patógenos. E esse tipo de fórmula mais complexa também pode fazer com que as novas variantes do Sars-CoV-2 sejam combatidas com a mesma eficácia, impedindo uma fuga imune, algo que tememos com as vacinas que estão sendo utilizadas.”
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.