Estudo realizado pelo Ministério da Saúde Pública (MSP) do Uruguai atesta um impacto de grande alcance da vacina chinesa contra a covid-19 CoronaVac no número de mortos pela doença no país. “A redução da mortalidade de covid-19, decorridos mais de 14 dias desde a última dose da vacina, é de 97% para CoronaVac e 80% para Pfizer”, assinala o Estudo de eficácia da vacinação contra Sars-CoV-2 no Uruguai em 2021.
Os especialistas, porém, destacam que os percentuais da pesquisa, ainda preliminar, devem ser analisados com cautela. Assinalam que os índices não são estritamente comparáveis, já que, no Uruguai, a população em geral recebe o produto da Sinovac.
O imunizante americano Pfizer está reservado para o grupo de risco: os maiores de 70 anos, profissionais da saúde e pessoas com comorbidades. E, segundo o estudo, mostrou, em compensação, maior eficácia para impedir os contágios e as hospitalizações, de acordo com o relatório.
Atualmente, 47% da população uruguaia recebeu a primeira dose da vacina e 28%, a segunda. O estudo indica que, do número total de 712.716 pessoas totalmente imunizadas com a CoronaVac no último dia 25, 5.360 testaram positivo para coronavírus. Dessas, 19 precisaram de internação em UTI e 6 faleceram.
Das 149.329 que receberam as duas doses da vacina da Pfizer, 691 foram infectadas com o novo coronavírus. Segundo o levantamento, apenas uma necessitou de hospitalização no CTI e oito morreram. O relatório esclarece que, nesse caso, todos tinham mais de 80 anos.
Hospitalização
Em percentuais, a redução de casos com a vacina do laboratório chinês Sinovac é de 57% e com a Pfizer é de 75%. Enquanto isso, o relatório observou uma eficácia de 95% para a CoronaVac e 99% para a Pfizer em hospitalizações em unidades de terapia intensiva.
O estudo esclarece que os números são preliminares e que devem ser interpretados de forma pontual, “pois não levam em consideração a idade das pessoas, suas comorbidades e grupos de alta exposição”, como os funcionários da saúde. Esses ajustes estatísticos serão comunicados em relatórios futuros.
Exemplo de gestão no início da pandemia, o Uruguai atravessa, atualmente, o pior momento da crise sanitária e é destaque negativo no mundo. Com 21,5 mortes a cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, o Uruguai lidera o ranking planetário de mortes por covid-19, seguido pelo Paraguai e Argentina, de acordo com uma contagem da agência de notícias France-Presse com base em dados oficiais.
Com uma população de 3,5 milhões de habitantes, nunca recorreu ao confinamento e mantém grande parte de suas atividades abertas. O governo do presidente Luis Lacalle Pou aposta todas as fichas na vacinação, que vem progredindo intensamente desde o seu início, em 1º de março.
Desafio
Em entrevista à AFP, Hans Kluge, diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, lamentou a lentidão do processo de imunização no continente. “A pandemia terminará quando atingirmos a cobertura mínima de 70% de vacinação”, disse à agência AFP
As novas variantes do coronavírus detectadas em países europeus, entre elas a indiana, preocupam o braço regional da agência das Nações Unidas. “Sabemos, por exemplo, que a (variante) B.1617 (identificada inicialmente na Índia) é mais contagiosa que a B.117 (identificada no Reino Unido), que já era mais contagiosa que a cepa precedente”, explicou.
Para deixar uma nota de otimismo, o especialista ressaltou que as vacinas funcionam bem, até o momento, contra essas mutações. É preciso, no entanto, acelerar o ritmo de vacinação. “Em uma pandemia, a rapidez é essencial”, frisou Kluge, para quem a crise sanitária está durando “mais do que o previsto”.
Desconfiança
Na Rússia, a desconfiança da população em relação à Sputnik V é o grande obstáculo para a imunização. Longe das longas filas e da busca desesperada por vacinas anticovid-19 no mundo, os russos rejeitam o fármaco. Na Praça Vermelha, os moscovitas podem ser vacinados gratuitamente, sem hora marcada, bem como em vários shoppings e parques, mas não há ninguém — ou muito pouca gente.
Em agosto do ano passado, o presidente Vladimir Putin anunciou com pompa e circunstância a primeira vacina do mundo, que teve sua eficácia reconhecida pela respeitada revista médica The Lancet e por vários países. Entretanto, de acordo com uma pesquisa recente do instituto independente Levada, mais de 60% dos russos entrevistados não pretendem se vacinar.
Depois de meses de uma silenciosa campanha de vacinação e da suspensão da maioria das restrições sanitárias, as autoridades russas agora estão alarmadas com a possibilidade de uma nova onda de contágios. “Não se esqueçam de que a vacina russa é a mais viável e segura hoje em dia”, disse Putin há três dias.
O prefeito de Moscou, Sergei Sobianin, desabafou: “As pessoas continuam morrendo e não querem se vacinar”. Até o momento, cerca de 11 milhões de pessoas receberam as duas doses da vacina, em uma população de 146 milhões de habitantes. A Rússia é um dos países mais afetados pela pandemia, com quase 250 mil mortos registrados no fim de março, segundo a agência de estatísticas Rosstat. O número representa mais do que o dobro dos dados publicados pelo governo.