Segundo dados da nova edição do Boletim do InfoGripe da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), que monitora a situação no país de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), alguns estados tendem a ter um aumento no número de casos, mesmos aqueles que apresentaram redução nas últimas semanas. De acordo com a FioCruz, as infecções subiram de forma preocupante em oito das 27 unidades da Federação.
A incidência de doenças respiratórias, que em casos graves demandam hospitalização ou até mesmo mortes, podem ser causadas por vários vírus respiratórios, mas, atualmente, são em grande parte provocadas por infecções da covid-19. Neste ano, cerca de 99% dos óbitos por SRAG foram causados pelo novo coronavírus.
Os dados se referem à Semana Epidemiológica (SE) 19, que compreende o período de 9 a 15 de maio. Na pesquisa, oito das 27 unidades da Federação apresentaram sinal de crescimento. É o caso do Amazonas, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Tocantins, Distrito Federal e Rio de Janeiro.
Entre os demais, há indícios de interrupção da tendência de queda na Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe e São Paulo; e estabilização em Minas Gerais e no Piauí. Nesses dois últimos, segundo o InfoGripe, os indícios não são tão claros quanto nos anteriores.
"Diversos desses estados ainda estão com valores similares ou até mesmo superiores aos picos observados ao longo de 2020. Tais estimativas reforçam a importância da cautela em relação a medidas de flexibilização das recomendações de distanciamento para redução da transmissão da covid-19", diz Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe.
De acordo o pesquisador, a retomada das atividades de maneira precoce pode levar a um quadro de interrupção da queda ainda em valores muito distantes de um cenário de segurança. “Tal situação, caso ocorra, não apenas manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos como também manterá a taxa de ocupação hospitalar em níveis preocupantes, impactando todos os atendimentos, não apenas aqueles relacionadas às síndromes respiratórias e à covid-19”, destacou Gomes.
A pesquisa também revelou que os óbitos SRAG, independentemente de presença de febre, encontram-se na zona de risco, com ocorrências de casos muito altos. Desde 2020 até o último boletim, foram registrados um total de 306.079 óbitos.
Capitais e interior dos estados
Quando analisados os casos associados apenas a residentes das capitais, o boletim atual aponta que seis delas já apresentam sinal de crescimento de casos de SRAG, na tendência de longo prazo: Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Manaus, Palmas e Porto Alegre. Dentre as demais capitais, 12 apresentam sinal de queda na tendência de longo prazo e as demais apresentam sinal de interrupção da queda ou estabilização.
Para avaliar a evolução dentro de cada estado, os dados agregados por macrorregiões de saúde mostram que 17 das 27 unidades da Federação têm ao menos uma macrorregião de saúde com sinal de crescimento, na tendência de longo prazo ou curto prazo. São elas: Amazonas e Tocantins, no Norte; Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Piauí, no Nordeste; Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, no Sudeste; Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Centro-Oeste; e Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, no Sul.
No Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo, mais da metade das macrorregiões de saúde apresentam tendência de crescimento. No Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins mais da metade das suas macrorregiões estão em situação de crescimento ou interrupção de queda.
*Estagiárias sob a supervisão de Andreia Castro
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