Exercícios em segurança

Estudo europeu mostra que o uso da máscara facial não afeta a capacidade de pessoas saudáveis realizarem atividades físicas de forma vigorosa. Pesquisadores realizaram testes detalhados de respiração e desempenho cardíaco, com e sem a proteção

Usar uma máscara não afeta a capacidade de pessoas saudáveis se exercitarem de forma vigorosa, segundo um estudo publicado no European Respiratory Journal. Os pesquisadores realizaram testes detalhados de respiração, atividade cardíaca e desempenho físico em um grupo de 12 pessoas enquanto usavam uma bicicleta ergométrica, com e sem a proteção facial.

Embora tenham encontrado diferenças em algumas medidas entre usar e não usar máscara, eles dizem que nenhum dos resultados indica qualquer risco para a saúde. Isso significa que o equipamento pode ser usado com segurança durante exercícios intensos para reduzir a transmissão da covid-19 entre frequentadores de academias.

“Sabemos que a principal via de transmissão do coronavírus é por meio de gotículas na respiração, e é possível que respirar com mais dificuldade durante o exercício facilite a transmissão, especialmente em ambientes fechados. A pesquisa sugere que usar uma máscara pode ajudar a prevenir a propagação da doença, mas não havia evidências claras sobre se as máscaras são seguras para uso durante exercícios vigorosos”, diz Massimo Mapelli, do Centro Cardiológico Monzino, em Milão.

Para responder a essa questão, os pesquisadores trabalharam com um grupo de voluntários saudáveis composto por seis mulheres e seis homens com idade média de 40 anos. Cada pessoa participou de três rodadas de testes de exercício: uma vez sem proteção facial, uma vez usando uma máscara cirúrgica (azul descartável) e uma vez usando uma “peça facial filtrante 2” ou máscara FFP2 (branca descartável, que se acredita oferecer uma proteção ligeiramente melhor do que a cirúrgica). Enquanto os voluntários usavam uma bicicleta ergométrica, os pesquisadores mediram sua respiração, frequência cardíaca, pressão arterial e níveis de oxigênio no sangue.

Os resultados dos testes mostraram que o uso de máscara facial provocou efeitos pequenos nos voluntários. Por exemplo, houve uma redução média de cerca de 10% na capacidade de realizar exercícios aeróbicos (de acordo com o pico de VO2, que é uma medida do maior consumo de oxigênio possível). Essa redução, provavelmente, foi causada pelo fato de ser um pouco mais difícil para inspirar e expirar através das máscaras.

“Trata-se de uma redução modesta e, fundamentalmente, não sugere um risco para pessoas saudáveis que fazem exercícios com máscara facial, mesmo quando estão trabalhando em sua capacidade máxima. Enquanto esperamos que mais pessoas sejam vacinadas contra a covid-19, essa descoberta pode ter implicações práticas na vida diária, por exemplo, tornando mais seguro abrir academias internas”, diz Mapelli. “No entanto, não devemos presumir que o mesmo seja verdadeiro para pessoas com problemas cardíacos ou pulmonares. Precisamos fazer mais pesquisas para investigar essa questão.”

A equipe estuda, agora, o impacto do uso de máscara facial durante as atividades diárias, como subir escadas ou fazer tarefas domésticas, em pessoas saudáveis e em voluntários com problemas cardíacos ou pulmonares. “Ainda há lacunas em nosso conhecimento sobre como limitar a disseminação da covid-19, mas acreditamos que as máscaras têm um papel a cumprir e estamos nos acostumando a usá-las em espaços públicos como lojas, trens e ônibus. Embora esses resultados sejam preliminares e precisem ser confirmados com grupos maiores de pessoas, eles parecem sugerir que as máscaras também podem ser usadas com segurança para esportes internos e atividades físicas, com um impacto tolerável no desempenho”, acrescenta Sam Bayat, do Hospital Universitário de Grenoble, França.


"Embora esses resultados sejam preliminares e precisem ser confirmados com grupos maiores de pessoas, eles parecem sugerir que as máscaras também podem ser usadas com segurança para esportes internos e atividades físicas, com um impacto tolerável no desempenho”

Sam Bayat, pesquisador do Hospital Universitário de Grenoble, na França.