Pesquisadores da Austrália descobriram uma espécie muito rara de buraco negro, com um tamanho diferente de todos os outros já detectados. A conquista se deu graças ao uso de uma técnica de investigação ainda inédita, apresentada ontem, na revista especializada Nature Astronomy.
Teorizados por Einstein, os buracos negros concentram sua matéria com uma densidade extrema, o que impede até mesmo a luz de escapar de sua força gravitacional. Os autores do estudo explicam que, até hoje, só são conhecidas duas famílias de buraco negro, de tamanhos radicalmente diferentes. Os estelares são formados pelo colapso gravitacional de uma estrela massiva ao fim de seu tempo de vida, cuja massa é de até 10 vezes o tamanho do Sol.
O segundo grupo, por sua vez, é formado por buracos negros supermassivos. Como “aquele que está no centro de nossa Via Láctea, que tem alguns milhões de massas solares. Portanto, nos perguntamos se haveria buracos negros de massa intermediária”, disse à Agência France-Presse (AFP) de notícias Frédéric Gueth, vice-diretor do Instituto de Radioastronomia Milimetrada, na França, e um dos autores do estudo. Dessa forma, a descoberta do grupo pode preencher um vazio que é intrigante para estudiosos da área.
Raios gama
Os cientistas identificaram o raro buraco negro analisando dados relacionados à explosão de raios gama, que são flashes de luz extraordinariamente poderosos surgidos em eventos como a explosão de estrelas massivas. A equipe gravou o sinal de luz emitido (uma espécie de eco) por um desses raios, chamado GRB 950830, enquanto ele se deslocava no universo em um trajeto feito próximo à Terra.
Foi a medição desse deslocamento que permitiu a detecção inédita. “Essa é a primeira prova da existência de um buraco negro de tamanho intermediário, atingindo um tamanho de cerca de 55 mil sóis”, enfatiza James Paynter, aluno de doutorado da Escola de Física da Universidade de Melbourne e um dos autores do estudo. “Estimamos que possa haver até 40 mil buracos negros intermediários em nossa galáxia”, declarou também à AFP Rachel Webster, professora de astrofísica na mesma universidade e participante da pesquisa.
Para o grupo, a “nova classe” identificada pode ser a “percussora de buracos negros supermassivos”, cuja origem permanece sem explicação. “O fato de termos demorado tanto para identificá-los pode significar que eles são formados em circunstâncias extremamente específicas”, comentou Eric Thrane, pesquisador de astronomia na Universidade Australiana Monash e não participante do estudo.
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