O Brasil acumula um quarto de milhão de mortes por covid-19, às vésperas de se completar um ano desde o primeiro caso de coronavírus ter sido identificado no país.
Segundo as contas do consórcio de imprensa (formado por Folha de S.Paulo, UOL, O Estado de S. Paulo, Extra, O Globo e G1), o país alcançou nesta quarta-feira (24/02) a marca de 250.036 mil mortos por coronavírus — o segundo país no mundo a chegar nesse patamar, atrás apenas dos EUA, que nesta semana superou a marca de 500 mil mortes.
Há uma segunda contabilização de casos e mortes, feita pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), segundo o qual o número total de mortos pelo vírus no país chegou a 249.957.
É como se a pandemia tivesse aniquilado totalmente a população de uma cidade média brasileira — como Americana (SP), Itaboraí (RJ) ou Novo Hamburgo (RS) — ou até mesmo de um país pequeno, como São Tomé e Príncipe, na África.
O número de 250 mil pessoas assusta quando é colocado em perspectiva:
- É como se a pandemia tivesse matado três Maracanãs lotados.
- A pandemia matou até agora a mesma quantidade total de brasileiros que morreram de qualquer causa nos dois primeiros meses de 2019.
- O número de mortos pela covid na pandemia é quase seis vezes maior do que o de mortos por homicídio no Brasil em todo 2020
- É como se tivessem morrido 680 pessoas por dia desde que o primeiro caso de covid-19 foi registrado no Brasil. Isso equivale a 28 mortes por hora.
O marco acontece na mesma semana do aniversário de um ano do primeiro caso de coronavírus confirmado oficialmente no Brasil. No dia 25 de fevereiro, um homem de 61 anos teve diagnóstico de coronavírus confirmado em um hospital em São Paulo, após ter passado os dias do carnaval na Lombardia, na Itália.
Apenas duas semanas depois, no dia 11 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente que havia uma pandemia de coronavírus, que se originou em Wuhan, na China. Naquele dia, havia 118 mil casos confirmados em 114 países do mundo, com 4,2 mil mortes. No entanto, naquela época ainda pouco se sabia sobre o vírus, e havia poucos testes e estatísticas confiáveis.
Nos meses que seguiram, houve muita confusão e pouco entendimento do que poderia acontecer. Estimativas sobre o número de mortos variavam de 1 milhão de mortos (previsão de pior cenário feita pelo Imperial College de Londres) a menos de 3 mil mortos (previsão do político Osmar Terra).
No final de março, o então ministro da Saúde, Henrique Mandetta, previu que até abril haveria um colapso do sistema brasileiro de saúde, que seria incapaz de lidar com as hospitalizações em massa. No mesmo dia, o presidente brasileiro se referiu ao coronavírus como "uma gripezinha".
Nas semanas seguintes, o Brasil viu disputas políticas, medidas desencontradas e superlotação de hospitais. Três ministros da Saúde (Henrique Mandetta, Nelson Teich e o atual, Eduardo Pazuello) passaram pela pasta. Estados e municípios ficaram responsáveis por decidir localmente sobre medidas de restrição de quarentena e fechamentos de estabelecimentos comerciais, escolas e transporte público. O governo federal começou em abril o pagamento de um auxílio emergencial para trabalhadores que perderam sua renda por causa da pandemia.
No dia 8 de agosto de 2020, foi atingida a marca de 100 mil mortos. No dia 7 de janeiro deste ano, o país ultrapassou as 200 mil mortes.
Em janeiro deste ano, começou a vacinação da população, mas, sem doses suficientes, muitas cidades tiveram de interromper suas campanhas.
Números proporcionais
Apesar de ser o segundo país com o maior número absoluto de mortos por covid-19, a situação é diferente quando se analisam apenas mortes em relação ao tamanho da população. O Brasil tem a sexta maior população do mundo.
Na comparação com o tamanho da população, o Brasil fica entre os 30 países com mais mortes por covid-19 para cada 100 mil pessoas de sua população. Em alguns países como Reino Unido, Portugal, Itália e Estados Unidos, houve mais mortes do que no Brasil, na proporção da população.
Também na comparação proporcional, houve mais mortos no Brasil do que na Argentina, Alemanha e Rússia.
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