Genes específicos presentes na placenta podem prever o tamanho do cérebro do bebê e o risco de esquizofrenia, de acordo com um estudo publicado na última edição da revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). Pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, chegaram a essa conclusão após análise de dados de mapeamentos genéticos e exames de ressonância magnética de recém-nascidos, além de testes de desenvolvimento cognitivo realizados até os primeiros 2 anos de vida.
No trabalho, os investigadores coletaram informações de mais de 200 crianças e também levaram em consideração resultados de outros trabalhos científicos que apontavam uma série de genes relacionados à esquizofrenia. Por meio de cálculos comparativos e um rastreamento genético apurado, os cientistas conseguiram identificar um grupo de mais de 10 genes ligados ao distúrbio psiquiátrico e outros sete vinculados ao crescimento do cérebro — todos eles presentes na placenta.
“Ao identificar a origem dessas peças genéticas tão importantes, podemos nos concentrar em um conjunto de processos biológicos que podem ser direcionados para melhorar a saúde da placenta e reduzir o risco de esquizofrenia”, declarou, em um comunicado à imprensa, Daniel R. Weinberger, autor do estudo e diretor da Universidade da Carolina do Norte. “Até o momento, a prevenção para essa doença parecia algo inacessível, senão inimaginável, mas esses novos insights oferecem possibilidades para mudar esse paradigma”, acrescentou.
Os pesquisadores destacaram que uma análise mais ampla precisa ser feita para confirmar os dados verificados, mas, desde já, consideraram que o trabalho poderá abrir as portas para tratamentos de outros problemas relacionados ao desenvolvimento cognitivo. “Compreender como o cérebro se desenvolve desde a sua origem é um grande desafio, que envolve muito trabalho, mas é uma tarefa extremamente necessária, que irá nos possibilitar um número amplo de intervenções preventivas no futuro”, ressaltou Weinberger.