Escolher uma boa dieta é um dos principais fatores que contribuem para o sucesso nos planos de quem quer emagrecer. “70% do tratamento (para a obesidade) é a restrição calórica”, enfatizou a endocrinologista Michele Borba, do Centro Especializado em Diabetes, Obesidade e Hipertensão Arterial da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. E, nessa corrida pela melhor ferramenta para a perda de peso, existe uma dieta que é preferida por especialistas da área.
“A gente teve agora, em trabalhos, ranqueamento das melhores dietas de 2021. E a dieta que pelo quarto ano consecutivo mostrou melhores resultados é a do mediterrâneo”, comentou em entrevista ao CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quinta-feira (7/1).
Isso porque essa rotina alimentar é composta por alimentos variados, sobretudo vegetais e carnes magras. “É uma dieta que vai colocar como base as leguminosas, as oleaginosas, que são as castanhas. Essa dieta se baseia muito nisso, na gordura boa, na gordura do azeite, peixe, carnes brancas. A gente deveria usar a carne vermelha uma ou duas vezes por semana”, detalhou a médica.
Mas, para conseguir executar o planejamento de maneira eficaz, é preciso fazer adaptações. “A dieta do brasileiro não é assim”, pontua lembrando que, no país, a maior parte da população prefere consumir carnes vermelhas quase todos os dias da semana.
Além do costume, outro empecilho para o sucesso da dieta mediterrânea pode ser o valor de alguns de seus elementos principais, como peixes. Apesar disso, introduzir alimentos mais baratos, como sardinhas, podem fazer com que o cardápio se adapte às várias condições de vida. “A gente pode trazer para qualquer poder econômico, poder aquisitivo, uma dieta melhor”, coloca.
Quando as dietas fazem mal
A quantidade de pessoas obesas mais que dobrou entre 2003 e 2019: foi de 12,2% para 26,8%, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quando se fala em sobrepeso, a taxa é ainda mais alta. Mais de 60% dos brasileiros com idade acima de 20 anos tinha excesso de peso em 2019, de acordo com o mesmo levantamento.
Isso faz com que muito mais gente busque fórmulas e soluções milagrosas, receitas da moda e maneiras fáceis de emagrecer. Ao CB.Saúde, Michele Borba explicou que é preciso planejamento e estabelecer metas realistas na hora de mudar o cardápio. “As metas plausíveis são fundamentais e elas têm que partir do paciente. Não adianta você levar o seu pai ao médico para fazer uma dieta se ele não quer emagrecer”, exemplifica.
Outro ponto ressaltado pela médica é que fórmulas mais restritivas, podem promover uma perda rápida de peso, mas acabam gerando outros problemas. “Essas dietas (muito proteicas, com muita gordura, jejum intermitente) costumam dar mais irritabilidade porque você se priva de coisas ou de situações como comer um carboidrato que dá um certo prazer. Essas dietas costumam piorar um pouquinho o colesterol”, lembra.
Ainda assim, segundo ela, não se pode dizer que essas restrições sejam ruins. “Aí vai de como cada paciente se adapta, porque tem gente que se adapta bem ao jejum intermitente, por exemplo. (...) Agora eu posso me adaptar a isso, mas eu posso também ser um paciente que quer uma resposta mais rápida. Daí o planejamento”, coloca.
Atenção multifatorial
Para ela, o apoio de uma equipe multidisciplinar, com psicólogos, nutricionistas e médicos especialistas, pode ser fundamental para o sucesso do tratamento. “O paciente precisa chegar ao profissional e receber acolhimento e o incentivo com planejamento. À medida que ele vai percebendo que é capaz, ele consegue traçar um caminho”, argumenta.
Segundo a endocrinologista, o fator psicológico é, muitas vezes, um relevante pilar do emagrecimento. “Se eu sou uma pessoa que tem o hábito de beliscar o dia todo, eu preciso construir junto com o médico especialista e psicólogo como burlar o meu belisco. Se eu sou uma pessoa com comportamento compulsivo, eu preciso da ajuda do emocional”, pondera.