A análise de 250 genomas de coronavírus de pacientes do Amazonas revelou que 18 linhagens diferentes do Sars-CoV-2 já circularam pelo Estado.
Entre as amostras, colhidas desde o início da pandemia na região Norte, em março do ano passado, até 13 de janeiro e provenientes de Manaus (177) e outros 24 municípios (73), mostram uma frequência maior de três linhagens: a B.1.1.28 (33,6%), B.1.195 (18,8%), B.1.1.33 (11,6%).
Os genomas mais recentes, contudo, sinalizam a emergência da variante recentemente detectada no Estado, batizada de P.1, que vem gerando preocupação entre especialistas, por apresentar aparente capacidade maior de infecção.
Conforme a nota técnica conjunta recém-divulgada pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas, essa variante estava presente em 32 das 35 amostras colhidas em janeiro (91,4%).
Em dezembro, essa participação era de 51% (28 entre 55 amostras); nas amostras de novembro, por sua vez, não foi identificado nenhum vírus da linhagem P.1 entre os 24 genomas.
O percentual elevado de casos pela nova linhagem em janeiro, afirma Felipe Naveca, virologista e pesquisador do ILMD, reitera a preocupação dos cientistas e sugere uma melhor adaptação do vírus, que pode ter se tornado mais transmissível.
A nova cepa, que se desenvolveu no Brasil, foi identificada pela primeira vez no início deste ano no Japão em viajantes que desembarcaram vindos de Manaus.
Ao lado de novas linhagens encontradas no Reino Unido (B.1.1.7) e na África do Sul (501Y.V2), ela é uma das "variant of concern" (variantes que causam preocupação) acompanhadas pela comunidade científica internacional por ter acumulado uma série de mutações na proteína que permite a entrada do vírus na célula, a espícula.
Uma dessas mutações é a N501Y, que, acredita-se, pode tornar o Sars-Cov-2 mais contagioso. Há ainda a E484K, que pode dificultar a ação de anticorpos de quem teve a doença uma primeira vez em uma segunda tentativa de infecção pelo vírus.
Nesse sentido, a nota técnica fala também de um caso de reinfecção recente causado pela P.1. De acordo com a análise genética concluída em 13 de janeiro, o paciente teve covid-19 pela primeira vez infectado pela linhagem B.1.195 e, na segunda, pela cepa que se desenvolveu no Brasil.
Para Naveca, a variante P.1 está ligada à explosão de casos no Estado, mas não é o único fator por trás do colapso do sistema de saúde. A diminuição do distanciamento social desde outubro, principalmente no período do Natal e Ano Novo, também contribuiu para o quadro atual, em sua avaliação.
As medidas de proteção para evitar que a linhagem se propague, ele acrescenta, seguem sendo as mesmas: manter o distanciamento social, utilizar a máscara de forma adequada, lavagem das mãos com água e sabão por pelo menos 30 segundos ou a utilização do álcool gel.
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