Estudo

Olhos podem sinalizar risco de infecção pelo novo coronavírus

Pesquisa aponta que alterações oculares podem surgir até três semanas antes dos primeiros sintomas do novo coronavírus. Entenda

Jéssica Mayara*/ Estado de Minas
postado em 06/01/2021 20:53
 (crédito:  Ldc Comunicação/Divulgação)
(crédito: Ldc Comunicação/Divulgação)

Uma pesquisa recentemente publicada na revista BMJ Open Ophthalmology apontou que antes dos primeiros indícios de uma infecção por COVID-19 surgirem, os olhos podem sinalizar ao corpo o risco de contaminação. E isso até três semanas antes de o organismo sentir os clássicos sintomas da doença – dor de cabeça, falta de ar, perda de olfato e paladar, febre, dor de garganta, entre outros.

Entre as alterações oculares mais frequentes estão o olho seco e a dor nos olhos. Segundo o estudo, realizado por pesquisadores da Anglia Ruskin University, no Reino Unido, com 83 participantes, o olho seco atingiu 23% dos participantes na chamada “pré-COVID”.

Essa prevalência caiu para 14% se considerado o período da já infecção. Já a dor nos olhos teve incidência maior durante o período de contaminação (16%).

De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, do Instituto Penido Burnier, a prevalência de olho seco apontada no estudo é quase o dobro dos 12% que atinge a população brasileira.

No entanto, a incidência ainda é grande, não à toa, conforme relatos do especialista, nas últimas semanas, quando os casos de COVID-19 voltaram a crescer no país, o atendimento de pacientes com queixas de ressecamento ocular aumentou.

Nesse cenário, os principais sintomas do olho seco são: coceira, vermelhidão, sensação de areia nos olhos e visão embaçada. Leôncio Queiroz, porém, pontua que nem todas as pessoas que apresentarem esses sintomas podem estar, de fato, contaminadas e/ou se infectarão futuramente, e faz um alerta: a lágrima é essencial para evitar que o novo coronavírus e outros micro-organismos penetrem nos olhos.

“Correr à farmácia para comprar lágrima artificial nem sempre resolve o problema. Isso porque a lágrima tem três camadas – aquosa, oleosa e proteica – e os colírios têm diferentes substâncias que atuam em uma dessas camadas”, explica o oftalmologista. Segundo Leôncio Queiroz, o tratamento com luz pulsada é a melhor alternativa.

“O tratamento é indolor, reduz o desconforto nos olhos e faz uso de colírio lubrificante. Isso porque tem efeito duradouro que pode ser sentido desde a primeira aplicação. A luz pulsada desobstrui uma pequena glândula na borda da pálpebra. A desobstrução melhora a produção da camada gordurosa da lágrima que evita sua evaporação. O estudo publicado no Reino Unido sugere, inclusive, que manter a boa lubrificação dos olhos é o primeiro passo para prevenir a COVID-19”, conclui.

Previna-se!

Leôncio Queiroz recomenda que a prevenção seja adotada a fim de evitar o desconforto provocado pelo olho seco, bem como a contaminação por COVID-19. Nesse cenário, o ideal é que as pessoas evitem o uso abusivo de ar-condicionado e, também, de eletrônicos.

“Além de facilitar a evaporação do filme lacrimal, o confinamento em ambiente climatizado por equipamentos domésticos que não trocam o ar ambiente facilita a proliferação do coronavírus. Portanto, durante a pandemia a regra para usar climatizadores domésticos que não trocam o ar dos ambientes é manter janelas e portas abertas para evitar a COVID-19 e, também, o olho seco”, ressalta.

Quanto ao uso excessivo de computadores, tablets ou celulares durante a pandemia, Leôncio Queiroz Neto destaca que, conforme elucidado por um estudo conduzido por ele, entre adultos com até 40 anos, o uso das telas por mais de duas horas provoca o ressecamento da lágrima em 75% dos brasileiros. Acima desta idade, esse índice chega a 90%.

Já entre os 6 e 9 anos, o olho seco atingiu 30% de 360 crianças que chegavam a ficar até seis horas conectadas. Por isso, é de fundamental que as pessoas gerenciem melhor o uso dos aparelhos eletrônicos de forma a beneficiar a saúde como um todo.

*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram

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