Pandemia

CB.Saúde: médica dá dicas para confraternizações seguras

Ideal é que encontros sejam on-line, mas "se o coração não aguentar", algumas regras básicas podem ajudar a evitar que a covid-19 se dissemine entre as famílias

O fim de ano é sempre uma época esperada, mas em 2020 acabou se tornando ainda mais. Ainda assim, a pandemia da covid-19 não deve permitir que as reuniões de celebração ocorram como nos outros anos. “Os eventos familiares são relatados como grandes espalhadores do vírus”, explicou a médica Andrea Jácomo, coordenadora do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (DF).

Em entrevista ao CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília — desta quinta-feira (17/12), ela ressaltou a importância de todos se cuidarem para evitar que o vírus chegue às pessoas que fazem parte dos grupos de risco. “A gente está vivendo aqui no Distrito Federal um aumento novamente. Ainda não estamos como na pior fase, que foi em julho e agosto, mas observamos a nossa taxa de transmissão oscilando ali em torno de um, (e até) acima de um, (como) ficou na semana passada. Temos que tomar cuidado para proteger os mais vulneráveis”, adverte.

Uma saída, segundo ela, é fazer uma ceia apenas para o grupo familiar — pessoas que moram na mesma casa — e usar da tecnologia para aproximar o restante da família. "Se o coração permitir que essa confraternização seja on-line, à distância, com tranquilidade, essa é a recomendação", frisa. Mas a médica entende que os fatores emocionais podem pesar na hora de escolher como organizar cada festa e destaca que isso também precisa ser levado em consideração.

"Nosso grande desafio são os (idosos) acima de 60 anos, são os avós. Muitos passaram o ano inteiro sem ver os netos, ficaram sem esse convívio, e a gente tem que pensar um pouco na saúde mental também desses netos e desses avós", lembra.

Redução de danos

É por isso que Jácomo traça algumas soluções que podem funcionar para diminuir as chances de propagação do vírus durante as celebrações, mesmo em encontros presenciais: "Que cada grupo familiar sente em um local separado com dois metros de distância; que todos usem máscara; que a máscara seja retirada (apenas) no momento em que (cada pessoa) vai fazer a refeição, com álcool gel, com higiene das mãos; evitar toalha de pano, usar papel toalha; evitar som muito alto, porque cantoria, falar alto, acaba gerando mais gotículas”.

Essas soluções foram apresentadas em uma cartilha lançada nesta semana pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que pode ser visualizada no formato PDF. E a pediatra acrescenta uma dica importante: prestar atenção aos sintomas de adultos e crianças de toda a família e se ausentar das festividades em caso de dúvida.

“Se tem alguém, sentindo algum sintoma, algum mal-estar, não vá. Protejam os vulneráveis, fiquem em casa. Vai fazer o exame, pôxa, eu não vou fazer o exame e vou em uma confraternização esperando o resultado do exame. Isso não se faz. A gente tem que proteger os mais vulneráveis e evitar a disseminação", reforça.

Crianças também ficam doentes

Por fim, a médica lembrou que as crianças também ficam doentes. "A primeira coisa que os pais precisam saber, as crianças também ficam doentes com covid. Nós temos, aqui no Distrito Federal, no boletim de ontem, cerca de 18 mil crianças menores de 19 anos com covid e seis óbitos", afirma.

Uma coisa que pode dificultar o diagnóstico, são as diferenças nos sintomas dos menores para os adultos. "A gente vê no consultório, mas a gente vê que é uma doença totalmente diferente do adulto. Com uma benignidade, são raros os casos graves, eles existem, eles vão pra UTI, mas isso é uma minoria", comenta.

Em geral, a pediatra explica, eles apresentam apenas coriza, indisposição, garganta arranhando e até falta de apetite, nos menores. “À medida que a pandemia foi evoluindo começaram a surgir os relatos inclusive da síndrome multissistêmica inflamatória. É um quadro raro, mas grave, caracterizado por febre acima de 38,5 (graus) por três dias consecutivos. Geralmente, essa síndrome acontece de quatro a cinco semanas após o pico da pandemia, então, se nós vamos entrar em uma segunda onda, nós vamos ter que acompanhar essas crianças”, adiciona.

Além disso, os pequenos também são vetores em potencial da doença para outras pessoas. Por isso, é importante que os pais estejam atentos para não levar os filhos a confraternizações caso eles apresentem algum sintoma nos dias que antecedem as festas.

Assista à entrevista completa:

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