PANDEMIA

Covid-19: confira 10 dicas para reduzir riscos no fim de ano

Especialistas recomendam evitar celebrações presenciais com pessoas que não moram na mesma casa. Para quem for insistir, cuidados são essenciais para reduzir as chances de contágio

Maíra Alves
postado em 24/12/2020 06:00
 (crédito: Joseph Prezioso/AFP)
(crédito: Joseph Prezioso/AFP)

Amigos e familiares que passaram o ano de 2020 sem se ver pessoalmente resolvem se reunir a fim de celebrar o Natal e o Ano Novo, geralmente em torno de uma mesa de jantar e com a presença de pessoas das mais variadas idades. Essa é a descrição de um encontro tradicional de fim de ano, mas também o cenário ideal para a propagação do novo coronavírus que já ceifou a vida de mais de 187 mil brasileiros.

Os números de casos e mortes em decorrência da covid-19 na segunda semana epidemiológica de dezembro trazem a sensação de que o país revive o pico da pandemia, visto em julho. Marcado por recordes negativos, e pela volta do registro de mortes diárias no patamar dos milhares, o período expõe o cenário de caos em que a segunda onda da doença ameaça jogar o país. Especialistas acreditam que esse movimento pode ser ainda mais dramático do que a fase vivenciada entre abril e agosto, por causa das festas de fim de ano. Por isso, segundo eles, a única forma de não contaminar pessoas próximas que não fazem parte do núcleo familiar é renunciando às comemorações presenciais.

Diante deste contexto, há medidas que podem vir a mitigar os riscos e dar uma nova cara às tradicionais festas. A psicóloga Aline Moraes, de 29 anos, desde que saiu do Rio de Janeiro para morar em Brasília, em 2017, está acostumada a passar a ceia de Natal com a família do namorado. No entanto, neste ano, teve que mudar o costume.

“Decidimos em conjunto que a melhor solução seria cada um ficar na sua própria casa. Ainda não sabemos ao certo se faremos uma chamada de vídeo durante a noite, mas já me sinto bastante aliviada em saber que não colocarei outra pessoa em risco e nem a mim mesma”, destaca a psicóloga.

Ela não descarta a opção de uma ceia natalina virtual. “Não é o que queríamos, mas se for o jeito de nos sentirmos mais próximos, com certeza será a escolha”, projeta Aline.

Redução de danos

No começo do mês de dezembro a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou uma cartilha com dicas para festas de Natal e Ano Novo durante a pandemia. A recomendação principal da entidade é que a forma mais segura é ficar em casa e celebrar apenas com as pessoas que já moram na mesma residência para impedir a transmissão do vírus entre um lar e outro.

Apesar do risco, muitas pessoas vão comemorar as festividades presencialmente e, por isso, os especialistas reuniram dicas, que têm como base orientações semelhantes ao do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), para mitigar os riscos.

Recomendações

1. Minimizar a quantidade de pessoas

A primeira dica é fazer uma reunião com o menor número possível de pessoas. Como dito, o ideal é que a comemoração ocorra apenas entre pessoas que moram na mesma casa.

Pensando num outro cenário, estar atento apenas à quantidade de pessoas não é o suficiente. Prestar atenção, também, ao número de casas que serão misturadas é primordial.

Se possível, idosos, gestantes, crianças com menos de cinco anos e pessoas com comorbidades devem evitar as festas. São elas: diabéticos, hipertensos, obesos, com problemas pulmonares, entre outros. Caso o encontro seja inevitável, é imprescindível o uso de máscara, além de um encontro rápido e com distanciamento de pelo menos 2 metros, indicam os especialistas.

2. Preferência por lugares ventilados

Se a família optar por uma ceia presencial, que seja num lugar ao ar livre, como quintal, laje, jardins. Assim, as partículas do vírus vão se dissipar com o vento. Se a única opção for dentro de um apartamento, todas as janelas devem estar abertas.

No caso de ambientes fechados, uma opção é usar o ventilador como uma espécie de exaustor. Ele deve ser colocado numa janela com a hélice virada para o lado externo da residência, assim ele empurra o ar de dentro para fora da casa.

Se a família tiver um outro ventilador, ele pode ser usado, ainda, da forma convencional, em consonância com o “exaustor”. Dessa forma, o ar circula por todo o ambiente gerando uma troca constante. O ar condicionado deve ser evitado.

Diretrizes recém-atualizadas do CDC trazem alertas adicionais sobre o tema ventilação. São eles:

  • Janelas e portas só devem ficar o tempo todo abertas em locais onde não haja risco de quedas ou se isso não provocar crises em pessoas asmáticas;
  • Ventiladores não devem gerar fluxo de ar diretamente de uma pessoa a outra, para evitar a contaminação;
  • As medidas de ventilação não dispensam os cuidados constantes com o distanciamento social, a higiene das mãos e o uso de máscaras.

Se não for possível ventilar bem o espaço, então é preciso reduzir o número de ocupantes nele.

Além disso, a Fiocruz pondera que música alta deve ser evitada para que as pessoas não tenham que gritar ou falar alto. Caso alguém esteja contaminado com o vírus, lançará um número maior de partículas virais no ambiente.

3. Uso de utensílios individuais

A fundação destaca alguns tópicos sobre o preparo e a hora de servir os alimentos. Antes mesmo da ceia, as pessoas responsáveis pelos alimentos devem sempre lavar as mãos e utilizar máscara enquanto estiverem cozinhando. O acesso à cozinha também deve ser limitado a poucas pessoas, para que não haja algum tipo de aglomeração no local e próximo às refeições.

Idealmente, bebidas devem ser ofertadas em baldes de gelo de maneira que as pessoas possam se servir sozinhas — em latas ou garrafas individuais —, para que o objeto não entre em contato com diversas pessoas. Pratos e bebidas em recipientes não individuais devem ser servidos por uma única pessoa. O responsável deve lavar as mãos antes de servir e sempre usar a máscara.

A mesma linha de raciocínio vale para os molhos e condimentos, por exemplo. A proposta de porções individuais é o mais indicado. Utensílios para servir a comida também não devem ser compartilhados, mas, uma opção mais viável, é o uso de luvas descartáveis em caso inevitável de contato com objetos de uso comum.

Sabão e álcool deve estar sempre à disposição dos convidados. Para secar as mãos, o indicado é fazer uso de papel evitando o uso de toalhas de pano. Outra dica importante é utilizar lixeiras com pedais para que as pessoas descartem os lixos sem precisar colocar as mãos na tampa.

4. Máscara e distanciamento sempre que possível

Os equipamentos de proteção individual — máscaras — devem ser usados sempre que possível, sendo retirados apenas na hora que for comer ou beber.

Outra regra já conhecida segue valendo: manter o máximo de distância possível, pelo menos 2 metros, para quem não vive na mesma residência.

5. Na hora de comer: evitar filas, fazer rodízio ou dispor várias mesas

Segundo especialistas, a hora da refeição é a grande vilã, já que as pessoas precisa retirar as máscaras e costumam ficar próximas umas das outras. Por isso, além de evitar o compartilhamento de objetos e utensílios, a recomendação é que seja feito um rodízio para se sentar à mesa, priorizando sempre que as pessoas que moram juntas se sirvam juntas, enquanto as outras esperam ainda utilizando máscara.

Outra opção, para aqueles que têm mais espaço, é montar várias mesas para que os núcleos familiares não se misturem na hora da refeição.

Em consonância com a recomendação de distanciamento, as filas para servir a comida também dever ser evitadas sempre que possível.

6. Priorizar viagens de carro

Viagens devem sempre ser evitadas, mas, em caso de deslocamentos longos, o carro deve ser sempre priorizado em detrimento dos ônibus ou aviões.

7. Testes e isolamento prévio

Impor uma quarentena rígida de duas semanas, ou no mínimo uma, e se submeter ao exame para detectar o vírus 72 horas da celebração são medidas importantes que ajudam a minimizar os riscos. Entretanto, a atenção a qualquer sintoma relacionado a doença deve ser constante.

Se está no período de 14 dias desde que teve os primeiros sintomas relacionados ao vírus ou está à espera do resultado do exame, também deve evitar os encontros. Assim como se manteve contato com alguém que teve a doença nos últimos 14 dias.

8. Evitar contato físico

Apesar da saudade, é importante que as pessoas não se abracem, se beijem ou apertem as mãos durante as festas. Esses pequenos gestos podem evitar que outros fiquem doentes. As mãos também precisam ser lavadas com frequência independentemente do contato.

9. “Há iniciativas de baixo risco e alto risco”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça de que não há risco zero em comemorar presencialmente as festas de fim de ano. O governo britânico, inclusive, implementou uma série de restrições aos londrinos e os moradores do sudeste da Inglaterra mediante nova cepa do coronavírus, e as festas de fim de ano foram canceladas. 

"Há (iniciativas) de baixo risco ou alto risco — mas sempre há um risco", afirmou em entrevista coletiva recente Maria Van Kerkhove, líder técnica da covid-19 na OMS. Ela orientou que as famílias prefiram reuniões virtuais, uma vez que a maior incidência de transmissões ocorre entre pessoas que passam muito tempo juntas, em espaços fechados e compartilhando refeições.

10. Avaliar os prós e contras

Os especialistas entendem que as pessoas estão exaustas das restrições sociais impostas pela pandemia, mas os prós e os contras devem ser avaliados.

“O que a gente tem que olhar? Os prós: encontro familiar, junção. Contras: uma doença ainda nova, sem uma eficácia ainda em tratamento curativo — que a gente tem que esperar uma resposta do corpo, e se o corpo apresentar alguma comorbidade, lógico, uma doença grave. Então, os contras hoje desse encontro são muito maiores do que qualquer coisa”, observa o infectologista Werciley Júnior, da Comissão de Infecção Hospitalar do Grupo Santa Lúcia.

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