As crianças estão entrando de férias, mas os pais não necessariamente. Em um ano que impôs tantos desafios como 2020, programar o tempo de lazer dos pequenos é essencial. Foi o que explicou ao programa CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília — desta quinta-feira (17/12) a médica Andrea Jácomo, coordenadora do Departamento de Pediatria Ambulatorial da Sociedade de Pediatria do Distrito Federal (DF).
"Esse é o nosso grande desafio. Meu filho sabe que eu sou professora, eu estou de férias de uma das minhas atividades, mas ele fala ‘do consultório você não está, mamãe’. Então a gente tem que equilibrar, estar presente na hora de estar presente e estruturar atividades que as crianças possam fazer sozinhas e isso também vai variar com a idade", coloca.
A médica recomenda que os pais procurem referências de brincadeiras que podem ser feitas pelas crianças de maneira autônoma em sites como o da Sociedade Brasileira de Pediatria, que disponibiliza livros com a indicação de brincadeiras para cada faixa etária. "Mas a gente também pode proporcionar tempo de leitura, tempo para ver um filme, ter essa criatividade e essa paciência com a criança", recomenda.
Brincadeiras analógicas
E, como a superexposição às telas segue sendo uma preocupação, Jácomo lembra que é possível promover antigos hábitos como pular corda, brincar de bambolê, ou jogos off-line, para garantir entretenimento longe dos aparelhos eletrônicos.
"Noite do pijama, ‘acampadentro’, piquenique na sala, piquenique no jardim, na varanda. Nós pais somos os grandes concorrentes das telas, a nossa presença substitui tranquilamente as telas. Nós temos que estar presentes na vida das crianças", afirma.
Ela sugere que os pais se atentem à idade de cada filho, lembrando que para crianças menores de 3 anos, a supervisão de um adulto vai sempre ser importante a fim de evitar acidentes domésticos.
“De acordo com cada idade, vamos ter as brincadeiras que podem ser utilizadas. Ah, mas eu não tenho como comprar o brinquedo, está caro, a gente tem condições de fazer brincadeiras criativas com as nossas crianças, de desenho, de massinha, de chamar a criança para preparar a comida, fazer um bolo. Depende de cada faixa etária, mas eu sugiro aos pais que estruturem algumas atividades em casa”, reforça.
É possível sair de casa?
Sobre os passeios com a família, a médica pondera: “Esse é um conceito que foi mudando ao longo dos estudos e da pandemia”. Segundo Jácomo, é preciso ponderar as condições de cada local e a saúde mental e bem estar de toda a família. “Shopping, cinemas, locais fechados (em geral), parquinhos que estejam lotados”, não são as melhores opções, coloca.
“O que a gente foi aprendendo ao longo da pandemia, é que o vírus não gosta de espaços abertos, ventilados, com sol. Mas, para a gente frequentar esses espaços, a gente vai ter que seguir as regras de ouro: usar máscara, evitar aglomeração, manter distância, reforçar a higiene das mãos das crianças — com álcool gel, com lenço umedecido, lavando a mão quando possível — ensinando à criança aquela regrinha de distanciamento de um metro e meio, dois metros”, ressalta.
Além disso, a pediatra define que ensinar às crianças como se proteger é fundamental para dar uma volta com segurança. “Abre o bracinho, não encostou em ninguém, isso é um local seguro. É claro, quando a criança é pequenininha, muito menor que dois anos, não se usa máscara, pelo risco de sufocamento, mas acima de dois anos, se a gente faz o treinamento, a gente ajusta essa máscara adequadamente, a criança consegue muito mais rapidamente se adaptar”, orienta.
Para ela, os brasilienses têm uma vantagem em relação à população de outras capitais. “Tudo bem fazer um passeio no Parque da Cidade, mas se o Parque da Cidade estiver lotado, se a gente não estiver conseguindo manter esse distanciamento, aqui em Brasília nós somos privilegiados, então (tem o) Eixão do Lazer, o próprio Jardim Botânico, e tantas áreas verdes que nós temos para utilizar aqui”, exemplifica.
Confira a entrevista completa
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