A corrida para uma vacina eficaz contra a covid-19 produziu muitas candidatas. A mais adiantada delas é a vendida pelo laboratório estadunidense Pfizer em parceria com o alemão Biontec. O Reino Unido, por exemplo, já autorizou que o imunizante possa ser aplicado na população em caráter emergencial. Apesar disso, especialistas apontam que essa primeira substância pode ter que ficar fora do calendário de vacinação brasileiro.
Em entrevista ao CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quinta-feira (3/12), o epidemiologista e professor da Universidade de Brasília (UnB) Wildo Navegantes deu argumentos que corroboram para essa tese, sobretudo pelo problema logístico gerado pela necessidade de manter o material a uma temperatura menor que -70°C.
“[A temperatura é] muito baixa, muito mais baixa que os freezers de casa. Então, a gente não tem como viabilizar isso na magnitude, no tamanho do Brasil, em pouco tempo. Se a gente tivesse que comprar, a gente com certeza não teria capacidade de trazer esses freezers para cá”, destacou.
O professor continuou informando que se trata de uma incompatibilidade tecnológica. “São freezers que a gente não dispõe em grande quantidade e qualidade no Brasil. [Mesmo] nas grandes cidades, nós temos muito poucos em relação à demanda, para quanto precisaria guardar para poder distribuir nas salas de vacina”, ressaltou.
De acordo com Navegantes, a solução mais eficaz é dar preferência às alternativas de imunizantes que se adequam melhor às condições locais. “Eu diria que os nossos alvos principais são as vacinas que se adaptam à rede de frios mais adequadas à nossa realidade, ou seja, geladeiras que mantêm a temperatura baixa, mas não tão baixa quanto a que está sendo lançada agora na Europa”, explicou.
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