A preocupação com a saúde da população negra é um tema que precisa ser debatido pelo poder público ao longo de todo o ano, mas é em novembro que ele ganha maior visibilidade por conta dos debates provocados pelo Dia da Consciência Negra (20/11). Para falar sobre as especificidades desse assunto, o CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília — recebeu a pesquisadora Marjorie Chaves, da Universidade de Brasília (UnB).
Coordenadora do Observatório da Saúde da População Negra (PopNegra), vinculado ao Núcleo de Estudos de Saúde Pública da UnB, Chaves falou sobre o impacto do racismo institucional na relação entre saúde e adoecimento das pessoas negras no Brasil. Para ela, é importante frisar que as dificuldades econômicas e raciais não são excludentes entre si, mas se sobrepõem no caso de pessoas negras de classes mais baixas.
“A gente hoje tem uma ideia de saúde como algo integral, por isso que a política de saúde é a política nacional de saúde integral da população negra. A gente não está falando só das doenças prevalentes nessa população, como a doença falciforme, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial. Isso é importante de ser dito e é importante que se ofereçam serviços de qualidade para esses atendimentos, mas a gente está falando também de outros fatores, outras questões relativas às condições sociais de vida dessas pessoas”, pontuou.
A especialista ressaltou que esses problemas são mais amplos que o adoecimento em si. “Condições dignas de moradia, acesso a serviços públicos gratuitos de qualidade, saneamento básico, essas condições sociais são necessárias para o bem estar da população”, exemplificou. Chaves detalhou que esse tipo de serviço da atenção primária é oferecido, por exemplo, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), na oferta de vacinas e na coleta de lixo.