Saúde Mental

Idosos são grupo de maior índice de suicídio no Brasil, aponta pesquisador da UnB

Em entrevista ao CB Saúde, o psicólogo e pesquisador Renan Lyra destacou que os índices de morte autoinduzida no país são maiores entre a população da terceira idade

Ainda que subnotificado, o suicídio é uma das causas de morte que vêm tendo registros de crescimento em todo o mundo. No Brasil, essa realidade é ainda mais perigosa para a população idosa. Para falar sobre esse tema, o CB Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quinta-feira (24/9), ouviu o psicólogo clínico e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Renan Lyra.

“Quando a gente fala sobre finitude, mortalidade, suicídio são sempre temas muito delicados, muito difíceis da gente tocar. E o suicídio, se tratando de uma forma de morte ainda mais complexa, ainda mais difícil de você significar o que é esse fenômeno, ele se torna um tabu, uma coisa muito difícil de você entender e falar”, iniciou.

O pesquisador lembrou que, embora não sejam os mais atingidos em números gerais, os idosos são o grupo etário com mais suicídio por cada cem mil habitantes no país. “A gente tem no Brasil o maior índice de suicídios dentro da população idosa. (...) Em números gerais, a população idosa não é a que mais morre por suicídio, mas se a gente retomar a pirâmide etária, (...) em cálculos que são feitos com o número de mortos por suicídio por 100 mil pessoas, o índice de suicídio em idosos no Brasil está ali em cerca de 19,6 por 100 mil habitantes. Em comparação, a média geral de mortos por suicídio no Brasil está ali entre 5 e 8 mortos por 100 mil pessoas por suicídio”, explicou.

Prevenção e fatores de risco

Em maio, o ator Flávio Migliaccio entrou para essa triste estatística ao tirar a própria vida, aos 85 anos. Embora possa parecer surpreendente para a maioria, o especialista explica que há fatores de risco que a família pode tentar atenuar para que a intenção suicida não se torne realidade. “Dos fatores de risco que eu identifiquei na minha pesquisa, ressaltaria o isolamento social que é esse processo (que começa) a partir (de quando) a pessoa se aposenta; ela passa a conviver mais dentro de casa e tem menos relações sociais, e acaba ficando mais isolada. E esse isolamento é muito prejudicial para a saúde mental tanto dos idosos quanto das pessoas de maneira geral”, ressaltou.

A vulnerabilidade econômica na velhice também é um grande problema quando o assunto é saúde mental. “As questões do desemprego, da pobreza, são muito significativas, especialmente para os idosos, que muitas vezes não têm um familiar que possa auxiliar, que possam prover a questão financeira mesmo, e acabam tendo uma diminuição da qualidade de vida”, colocou.

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