Um estudo da Coreia do Sul revelou que 25% dos pacientes com 18 a 39 anos hospitalizados devido à covid-19 desenvolveram pneumonia, destacando o perigo que a doença representa para os mais jovens. A pesquisa será apresentada na próxima semana, durante a Conferência sobre Doenças do Coronavírus, que acontece on-line.
Os autores ressaltam que muitos países que vinham controlando a pandemia estão vendo, agora, um ressurgimento do vírus, especialmente entre os jovens. “O baixo estado de alerta dos jovens tornou-se um problema social em todo o mundo, pois se sabe que o progresso em direção a casos graves é baixo entre eles”, diz Hyun ah Kim, pesquisador do Hospital Dongsan, da Universidade Keimyung.
Na pesquisa, os autores analisaram a incidência de pneumonia e as características clínicas de pacientes com menos idade. Trata-se de uma análise retrospectiva, realizada em adultos de 18 a 39 anos que foram internados em seis hospitais em Daegu — um dos primeiros pontos críticos da pandemia na Coreia do Sul —, de 18 de fevereiro a 31 de março.
Um total de 315 pacientes hospitalizados e isolados foram analisados. Desses, 205 (65%) eram do sexo feminino (65,1%) e 32 (10,2%) estavam assintomáticos. Na Coreia do Sul, mesmo as pessoas sem sintomas foram internadas e colocadas em quarentena. As principais queixas foram tosse (53%), dor de garganta (26%), febre (26%), rinorreia/coriza (31%), dor muscular (20%), calafrios (16%) e diarreia (15%).
Tomografia
Houve 71 (23%) casos de pneumonia nas radiografias de tórax. Dos 85 pacientes que realizaram uma tomografia computadorizada, 43 tiveram diagnóstico confirmado. Onze casos de pneumonia foram diagnosticados na tomografia, depois de apresentarem raios X normais. No geral, a pneumonia foi confirmada em um total de 83 (26%) pacientes.
Em cerca de um quarto (23%) dos casos, as radiografias de tórax permaneceram anormais até o último exame antes da alta hospitalar, que, para os pacientes assintomáticos, era 10 dias após o diagnóstico. Para aqueles com sintomas, a alta ocorreu após dois testes negativos consecutivos para a covid-19.
De acordo com os autores, a pneumonia grave foi relatada em sete casos (2,2%), com um paciente necessitando de ventilação mecânica. Os sintomas de febre, tosse, diarreia e falta de ar foram estatisticamente mais frequentes no grupo com pneumonia. Os resultados dos exames de sangue mostraram proteína C reativa particularmente elevada (um sinal de inflamação sistêmica) no grupo com pneumonia. Nesses, foi mais de oito vezes maior do que em pacientes sem pneumonia.
Houve também um caso assintomático que, posteriormente, desenvolveu a doença pulmonar. “Os jovens também devem estar cientes do risco de pneumonia ou de pneumonia grave devido à covid-19”, destaca Hyo-Lim Hong, do Centro Médico da Universidade Católica de Daegu.