Ainda que não tenham encontrado uma cura definitiva para o câncer, cientistas avançam em pesquisas que otimizam tratamentos ao redor do mundo. Uma das mais promissoras é a imunoterapia, como explicou ao CB.Saúde — parceria do Correio com a TV Brasília — desta quinta (17/9) o oncologista e diretor-geral do Sírio-Libanês em Brasília, Gustavo Fernandes.
"A imunoterapia, para câncer, é algo que a gente sempre sonhou em fazer. Desde que a gente tem noção de como um câncer se desenvolve, se tem a ideia de que para poder um câncer crescer dentro de você o sistema imune precisa falhar. Ele precisa não enxergar que tem uma coisa que está crescendo em você, que está indo contra você, para poder deixar aquilo crescer", detalhou o médico.
Fernandes colocou que as pesquisas se desenvolveram a partir desse entendimento. "O seu sistema imune tem os elementos para matar o tumor. Então, síndromes que cursam com o aumento do número de câncer podem ser síndromes associadas à redução do sistema imune. Você tem um sistema imune suprimido, você faz com que o indivíduo tenha mais câncer. Então, a imunoterapia nada mais é do que liberar o sistema imune ou estimular o sistema imune para que ele ache o tumor no seu próprio corpo. Lidar com seus próprios potenciais para isso", ilustrou.
O médico comemorou que, desde 2011, diversos países avançaram na liberação dos testes clínicos. "Uma droga americana com inibidor de CTLA-4, que faz com que o linfócito entenda melhor como achar o câncer, foi aprovada nos Estados Unidos. Em 2014, uma segunda droga foi aprovada. Esses dois mecanismos de droga foram patenteados e estão disponíveis no Brasil, no SUS, começou agora", destacou.
Esse tratamento rendeu aos pesquisadores que o desenvolveram o Prêmio Nobel de Medicina em 2018. A principal marca da imunoterapia é que ela pode ser usada em diversos tipos de tumor. Segundo o diretor-geral do Sírio-Libanês, essa deve ser uma das principais terapias para tumores a médio prazo. "Hoje, a gente considera que até 70% dos tumores vão ter indicação de imunoterapia no médio prazo — dois, três anos. Nos Estados Unidos esse número já bateu em 50%. O que se tem de pesquisa hoje, a grande maioria, vai nessa direção”, previu.
Ele também falou sobre o panorama geral da saúde pública no país. Para Fernandes, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um avanço, mas esbarra em problemas como as desigualdades e o baixo financiamento.
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