Jornal Correio Braziliense

Palavra de especialista

Progressos e recuos

“Um dos pontos que merecem destaque é que observamos, também, um esforço de tornar a ciência mais aberta. A troca mais intensa de informações é algo muito positivo. E isso nem sempre ocorre, já que se trata de um ambiente em que existe competição. Estamos como uma rede de cientistas que seguem monitorando intensamente esse vírus. Tivemos, por exemplo, o mapeamento genético do patógeno no primeiro paciente do país feito em apenas 48 horas. Isso é algo que pode ser levado como base para o acompanhamento de outras enfermidades, como a zika. Seria muito positivo ter, também, um diagnóstico mais rápido de outros problemas de saúde, como a tuberculose, em que essa identificação precoce é essencial. Mas, é claro que precisamos de investimento para que isso ocorra. Temos que reforçar, também, que a pandemia dificultou o trato de algumas doenças. A hanseníase sofre uma crise, a maioria dos estados brasileiros está sem medicamentos. Isso ocorre porque os esforços estão voltados totalmente para a covid-19. Uma das empresas que produzem um dos principais medicamentos para leishmaniose, por exemplo, está com dificuldades para produzir esse remédio porque é ela que produz o remdesivir, usado para covid-19.”

Felipe Carvalho, representante da Campanha de Acesso a Medicamento da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF)