Um grupo de pesquisa da Universidade Monash, sediada em Melbourne, na Austrália, desenvolveu um protótipo que entrou no páreo para se tornar o primeiro olho totalmente biônico do mundo. Segundo dados divulgados pela instituição, a tecnologia é capaz de fazer com que pessoas totalmente cegas voltem a enxergar.
Nomeado de Gennaris, o sistema substitui o caminho natural das imagens, que deveriam sair da retina, passar por nervos e chegar até a área do cérebro responsável pelo processamento da visão. Em grande parte das pessoas cegas, esse percurso natural está parcial ou totalmente danificado e o Gennaris deverá atuar como uma prótese neural.
Como funciona o olho biônico
O Gennaris é montado em três partes básicas: implantes eletrônicos em miniatura instalados na superfície do cérebro; um aparelho externo personalizado, semelhante a um smartphone, equipado com câmera e transmissor de dados sem fio; e um processador. Enquanto a parte externa faz as vezes dos olhos, a mecânica interna do implante funciona como se fossem nervos ópticos naturais — transportando e selecionando as imagens mais úteis dentre todas as captadas.
Em comunicado emitido pela universidade, o diretor do grupo Monash Vision e principal pesquisador do projeto, Arthur Lowery, pareceu otimista quanto às possibilidades dessa tecnologia. "As próteses de visão cortical visam restaurar a percepção visual àqueles que perderam a visão, fornecendo estimulação elétrica ao córtex visual — a região do cérebro que recebe, integra e processa informações visuais", explicou.
De acordo com ele, o projeto cria "um padrão visual a partir de combinações de até 172 pontos de luz (fosfenos) que fornece informações para o indivíduo navegar em ambientes internos e externos, e reconhecer a presença de pessoas e objetos ao seu redor". Além disso, a equipe espera que a tecnologia possa ser adaptada para resgatar movimentos dos braços em pessoas acometidas por tetraplegia.
Os resultados, bastante promissores para toda a área de tecnologia médica, foram divulgados em meados deste mês de setembro. O próximo passo é conseguir financiamento para a segunda etapa do projeto. Para chegar até onde estão hoje, os pesquisadores levaram cerca de 10 anos estudando o tema e receberam investimento de pouco mais de US$ 1 milhão de dólares do governo australiano.
A expectativa é de que, além de auxiliar os pacientes, o desenvolvimento da tecnologia ajude ao país de uma maneira geral. Isso porque, segundo o comunicado da Universidade Monash, o sucesso comercial poderia criar oportunidades de exportação e levar ao aumento de postos de emprego qualificados na Austrália. Mas, antes que essa seja a realidade, é preciso que os pesquisadores avancem nos testes do Gennaris com humanos.
Saiba Mais
- Ciência e Saúde Vacina da Novavax contra covid-19 entra na fase final dos testes clínicos
- Ciência e Saúde Vacinação contra febre aftosa já imunizou 166 milhões de animais
- Ciência e Saúde Cães farejadores são treinados para detectar o novo coronavírus
- Ciência e Saúde Pesquisa: paulistas não controlam colesterol, hipertensão e diabetes
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.