A insônia pode contribuir para o desenvolvimento do diabetes tipo 2. É o que mostra um estudo feito por cientistas suecos, que usaram técnica de análise genética avançada para chegar à conclusão. Além da relação até então não constatada, a equipe confirmou a existência de 18 fatores de risco e de 15 fatores protetivos para a doença metabólica. As descobertas foram publicadas ontem, na revista especializada Diabetologia, periódico da Associação Europeia para o Estudo da Diabetes (EASD, em inglês).
Os cientistas usaram a técnica chamada randomização mendeliana (MR), que consiste na busca de mutações em genes que possam estar relacionadas a fatores de risco para enfermidades. “É uma busca por alterações no DNA que caracterizam fatores de risco. Uma análise feita com base nessa técnica tem menos probabilidade de ser afetada por confusão ou causalidade do que um estudo feito apenas com análises observacionais”, explicam, no artigo, os autores do estudo, liderados por Susanna Larsson e Shuai Yuan, do Instituto Karolinska, em Estocolmo.
Para identificar os fatores de risco e os protetivos, os cientistas realizaram uma revisão de 1.360 artigos sobre o tema, todos encontrados na plataforma de compartilhamento de dados PubMed. “Pelas análises, encontramos um total de 97 fatores de risco que poderiam ser investigados usando o método de MR”, informam. Em seguida, usaram um banco de dados genéticos do consórcio de pesquisa Diabetes Genetics Replication and Meta-analysis, que reúne informações de 74.124 casos de diabetes tipo 2 e de 824.006 casos de controle (sem a enfermidade).
Ao analisar e cruzar os dados, os pesquisadores suecos encontraram evidências de associações entre 19 fatores de risco (obesidade, hipertensão arterial e diabetes, por exemplo) e 15 fatores de proteção do diabetes tipo 2 (como baixo colesterol, alta quantidade de massa corporal magra e peso estável ao nascer). A insônia foi identificada como um novo fator de risco, com pessoas com o problema de saúde sendo 17% mais propensas a desenvolverem esse tipo de diabetes do que aquelas sem o problema de sono.
Confirmação científica
Fernando Alves, médico endocrinologista do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, acredita que, entre todos os dados obtidos, a insônia merece destaque. “Ainda não tínhamos muitos estudos relacionando a esse fator de risco, faltavam dados para afirmar essa relação. Havia muita suspeita, pois temos muitos pacientes que sofrem com a apneia, por exemplo. Com isso, já imaginamos que o risco de eles apresentarem diabetes tipo 2 seria maior”, explica.
Segundo o médico, a principal mensagem do estudo é se manter alerta para a qualidade do sono. “Se a pessoa não está descansada, ela pode sofrer alterações no metabolismo, e isso prejudica muito a saúde dela. É essencial manter uma quantidade de horas de sono adequada e evitar esses riscos. Essa mensagem também vale para a maioria dos outros fatores de risco, é preciso manter hábitos saudáveis”, enfatiza. (VS)
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