Cloroquina: novo estudo atesta falta de benefícios

Mais um estudo científico traz indícios de que a cloroquina e a sua derivada, a hidroxicloroquina, não ajudam no tratamento da covid-19. O trabalho foi publicado, ontem, na revista especializada Clinical Microbiology and Infection e mostra que o uso do medicamento não reduziu a mortalidade em infectados pelo Sars-CoV-2. Além disso, o tratamento com as drogas foi associado ao aumento da mortalidade quando combinado com o antibiótico azitromicina.
No novo trabalho, os pesquisadores analisaram estudos que avaliaram o uso da cloroquina ou da hidroxicloroquina, administrada com ou sem o antibiótico. Os autores encontraram 29 artigos que preenchiam esses critérios, somando dados de 11.932 pacientes tratados com hidroxicloroquina, 8.081, com hidroxicloroquina e azitromicina e 12.930 que não receberam nenhuma das drogas (grupo de controle).
Nos resultados, os cientistas observaram que o tratamento que une hidroxicloroquina e azitromicina foi associado a um aumento estatisticamente significativo, de 27%, na mortalidade, considerando o grupo de controle. “Esses resultados confirmam as descobertas preliminares de vários estudos observacionais que mostraram que essa combinação pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares agudos com risco de vida”, destacam os autores do estudo, liderado por Thibault Fiolet, pesquisador do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e População Saúde da Paris-Saclay University, na França.
As análises também mostraram que a hidroxicloroquina não apresentou taxa de melhora nos pacientes nem de redução da mortalidade, mesmo quando administrada sozinha. “Essa meta-análise mostra que a hidroxicloroquina sozinha não é eficaz para o tratamento de pacientes com covid-19”, enfatizam os autores.
Sem avanços

Para a equipe, os dados funcionam como mais uma evidência de que não é preciso dar continuidade a pesquisas com o medicamento. “Já existe um grande número de estudos que avaliaram a hidroxicloroquina isolada ou em combinação, e parece improvável, nessa fase, que qualquer eficácia venha surgir”, justificam.
“Nossos resultados sugerem que não há necessidade de mais estudos avaliando essas moléculas, dado também que os ensaios clínicos European DisCoveRy e WHO International Solidarity já interromperam os braços de tratamento com hidroxicloroquina.” Ambos os programas citados fazem parte das iniciativas mais expressivas de enfrentamento à pandemia na atualidade, com pesquisas em andamento em diferentes frentes.

27%
Aumento da taxa de mortalidade em tratamento que
combina o uso da hidroxicloroquina com o antibiótico azitromicina