A combinação dos medicamentos sofosbuvir e daclatasvir se mostrou capaz de reduzir o tempo de internação e o número de mortes entre pacientes com covid-19. A conclusão é de três estudos publicados na revista especializada Journal of Antimicrobial Chemotherapy, editada pela Universidade de Oxford.
Os três estudos foram realizados no Irã, país que vêm registrando cerca de 2.500 casos e 200 mortes por covid-19 diariamente. Nos testes, os cientistas testaram os efeitos do sofosbuvir e do daclatasvir administrados de forma combinada, algo que já é feito para tratar a hepatite-c. Os resultados foram tão promissores que o país asiático decidiu fazer um estudo em massa e iniciou a fabricação de uma nova pílula que reúne as duas substâncias. O Brasil, cada vez mais procurado para a realização de testes, participará do estudo.
Em um dos estudos, 66 pacientes foram divididos em dois grupos. Enquanto um recebeu o novo tratamento, o outro recebeu placebo. Enquanto no primeiro grupo, 88% dos pacientes se curou em até 14 dias, no grupo do placebo esse índice foi de 66%. Já a média de internação foi de seis dias com a administração das drogas, enquanto no grupo de placebo, oito dias. Quanto a mortes, o grupo tratado registro três óbitos. O do placebo, cinco.
Em outro estudo, comparou-se a eficácia do tratamento com os dois remédios com uma tratamento à base de lopinavir, ritonavir e hidroxicloroquina. Mais uma vez, a abordagem com sofosbuvir e daclatasvir se mostrou mais eficaz. O tempo de internação caiu de nove para cinco dias, e a mortalidade reduziu de 33% para 6%.
Ainda é cedo para recomendar uso
Segundo os cientistas que realizaram os testes, o uso combinado de sofosbuvir e daclatasvir pode reduzir tanto o tempo de internação quanto o índice de mortes em pacientes com casos medianos e graves de covid-19. É o que eles esperam comprovar com um teste mais amplo.
"Apesar dos resultados iniciais encorajadores, é muito cedo para chegarmos a um veredito. Estudos mais bem projetados são necessários para confirmar nossos dados", disse Shahin Merat, líder de uma das pesquisas. "Uma rede de cinco estudos clínicos foi elaborado para testar o sofosbuvir mais o daclatasvir em mais de 2 mil pacientes no Irã, no Brasil, no Egito e na África do Sul. Por volta de outubro, nós deveremos saber se esse tratamento pode ser aprovado para uso em escala mundial."