Clínico geral e coordenador do pronto-socorro do Hospital Santa Lúcia Sul, o médico Luciano Lourenço detalhou, em entrevista ao CB.Saúde — parceira do Correio e da TV Brasília —, nesta quinta-feira (20/8), as dificuldades próprias da pandemia que o sistema vem enfrentando. A desinformação e a politização dos tratamentos são dois dos pontos importantes para entender o complexo quadro atual do Brasil diante da covid-19.
“Sem dúvida essa vertente, da desinformação, contribui para que essas mortes aumentem, para a gente não ter uma linearidade de tratamento, mas é muito mais complexo”, explicou. Para ele, o fato de o Brasil ser um país de dimensões continentais e bastante populoso também contribui para o alto índice de óbitos. Ainda assim, as notícias falsas e os argumentos desencontrados seguem causando problemas.
“Quando a gente pensa na população isso gera confusão e faz com que os pacientes cheguem ao pronto-socorro com muitas dúvidas. Não é simples hoje, no Brasil e falo aqui do Distrito Federal, ser médico de pronto-socorro atendendo pacientes com essas dúvidas que a politização desses medicamentos e desses tratamentos gera”, colocou.
O médico seguiu exemplificando que, muitas vezes, uma consulta é iniciada apenas porque o paciente foi levado ao engano por comentários e opiniões conflitantes. “O paciente chega lá agoniado, ansioso, sem dormir há três dias pela confusão que ele tem com essas informações. Essa politização dos tratamentos e medicamentos tem uma culpa muito grande”, disse.
Apesar de causar um grande problema, Lourenço coloca que as equipes estão preparadas para orientar os pacientes a receberem os tratamentos adequados. “Estamos treinados para isso e é a nossa função. Muitos pacientes abrem uma consulta no pronto-socorro para tirar dúvidas. Ele está tão confuso com tudo que ele escuta que é a nossa função, a gente faz isso com todo prazer, com todo o carinho. Tirar dúvidas muitas vezes é um tratamento”, finalizou.