Pandemia aumenta risco de morte por doenças como malária e dengue, diz Opas

Relação ocorre devido a menos testes sendo feitos e falta de acesso a tratamentos

A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alertou, nesta terça-feira (11), que a pandemia de COVID-19 aumenta o risco de morte por doenças transmitidas por mosquitos, "muito extensas" na região, devido à limitação da capacidade de resposta dos serviços de saúde.

"A realidade é que os mosquitos e os patógenos que transmitem continuam circulando. E, sem testes ou tratamento, os casos graves de doenças transmitidas por mosquitos podem passar de condições facilmente tratáveis a (causar) a morte", disse Carissa Etienne, diretora da Opas, ao destacar a ameaça da dengue e da malária.

Etienne destacou que em alguns países americanos, a dengue, a malária e muitas doenças tropicais "têm um impacto desproporcional nas populações pobres e vulneráveis", entre elas as comunidades indígenas, muito afetadas pela COVID-19.

Segundo a Opas, em janeiro e fevereiro, o continente americano registrou um aumento de 139% dos casos de dengue em relação ao mesmo período de 2019. Mas em março, com o surto do coronavírus na região, os casos de dengue relatados diminuíram.

Para Etienne, a notificação de doenças transmitidas por mosquitos, entre as quais ela também citou a malária, "reduziram mais de 40%, e houve uma redução na quantidade de pessoas que fazem o exame".

"Sem uma vigilância sólida, não teremos noção do quanto essas doenças estão afetando nossa população e, portanto, não poderemos planejar os serviços suficientemente e salvar vidas", afirmou.

Etienne também lamentou o impacto negativo da COVID-19 no combate de doenças tropicais na região, como a filariose linfática, a esquistossomose e a helmintíase transmitidas pelo solo.

"Justo quando estávamos conseguindo avanços significativos" contra essas doenças, "a pandemia interrompeu as campanhas de administração em massa dos medicamentos que são fundamentais para nossos esforços de eliminação", disse.

"É provável que essas interrupções aumentem as taxas de infecção nos próximos meses", alertou.

Com 10,8 milhões de casos e quase 395.000 mortes, o continente americano é o mais atingido pela COVID-19, declarada pandemia em março pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Os países mais afetados são Estados Unidos (mais de 5 milhões de casos e 163.000 mortes) e Brasil (mais de 3 milhões de casos e mais de 101.000 mortes).