
Imagine impulsionar a criação de negócios e, de quebra, contribuir para o desenvolvimento de soluções criativas e socialmente transformadoras? Esse é o papel do Cocreation Lab DF, um programa que disponibiliza o suporte técnico e metodológico de estímulo, apoio e promoção ao desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação do Distrito Federal e da Região Integrada de Desenvolvimento do DF e Entorno (Ride), levando ao desenvolvimento socioeconômico. O projeto resulta da integração entre universidades, governo, empresas e sociedade civil. Nesta rede brasiliense interconectada, o foco é compartilhar conhecimentos.
Atualmente, o programa se estrutura por meio da parceria entre a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) e a Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), em parceria com o Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico (CDT) da Universidade de Brasília (UnB), onde passa pelo Programa Multincubadora, que incentiva a criação de empreendimentos. "Ao promover a cocriação e a colaboração, o projeto contribui para um ecossistema de inovação mais inclusivo e sustentável, com um olhar especial para as necessidades locais e regionais", destaca a professora Renata Aquino, decana de Pesquisa e Inovação da UnB e integrante do programa.
Os projetos, desenvolvidos em uma rede de espaços de criação colaborativa de negócios, incluem iniciativas de sucesso, como a KrillTech Nanotecnologia Agro S.A. "Fundada por pesquisadores da UnB, pelo Programa Multincubadora, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a empresa concebeu o Arbolin Biogenesisum, uma linha inovadora de produtos inspirada na natureza, com nanoestrutura orgânica, atóxica e biocompativel", diz Renata, doutora em físico-química e química analítica.
O aumento da produtividade foi comprovado nas culturas de morango, feijão, tomate, trigo, soja, algodão e hortaliças. Marcelo Rodrigues, fundador da empresa, ressalta que programas institucionais, como o da Multincubadora, estimulam o pesquisador a ir além do artigo científico. "Hoje, estamos caminhando para o lançamento de novos produtos para atender cadeias produtivas antes difíceis de serem acessadas, como ativos para o milho e a cana", diz.

Força da ciência
Com dinâmica híbrida (on-line e presencial), as startups oferecem workshops, palestras, oficinas, mentorias, monitoramentos, acompanhamento intensivo e uma metodologia TXM (usada na construção e gestão de marcas), com uso de plataforma gamificada exclusiva. A Einstein Jr., por exemplo, é uma startup criada por professoras do Instituto de Química da UnB que promove o ensino de ciência para crianças, professores e pais por meio de oficinas-show, kits de experimentos e livros didáticos.
Suas atividades incluem demonstrações práticas, como reações químicas e uso de nitrogênio líquido, de maneira lúdica e com o intuito de despertar o interesse científico desde a infância. A Einstein Jr. já capacitou centenas de professores e fortalece a extensão universitária da UnB ao popularizar a ciência de forma inovadora e acessível. "Conseguimos desenvolver habilidades fundamentais para um profissional do futuro, como criatividade, autonomia e gosto pelo saber. Os resultados com melhoria da socialização e aprendizado de crianças neurodivergentes são impressionantes", diz Matheus Reis, sócio fundador e diretor administrativo.
Outra startup de sucesso que nasceu no Cocreation Lab é a Escrita com Ciência, que oferece soluções educacionais para potencializar a produção de textos científicos, como Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs), artigos e monografias. Com o slogan "Somos um acelerador de oportunidades", a empresa auxilia a escrever mais, melhor e rapidamente, sobretudo textos formais, seguindo bases científicas.
Segundo Érika Gadelha, sócia fundadora da iniciativa, mais de 2 mil alunos já foram impactados pelas aulas e mentorias. "Nossos clientes são desde graduandos e pós-graduandos até empresários do setor educacional. Utilizamos um método inovador e exclusivo chamado RAC, que associa técnicas de escrita ágil, habilidades socioemocionais, criatividade, autoconhecimento e inteligência artificial, sanando as dores daqueles que querem escrever e não sabem por onde começar", detalha Érika. Com o apoio da Escrita com Ciência na elaboração de projetos de fomento, cerca de R$ 2 milhões foram captados por diversas instituições.
Potencial
Segundo a professora Renata Aquino, que foi coordenadora-executiva do Cocreation Lab, Brasília apresenta um grande potencial no campo do empreendedorismo aliado à transformação social, principalmente devido à sua infraestrutura sólida e ao ecossistema de inovação bem estruturado. "A cidade conta com universidades e instituições tecnológicas de ponta, além de um apoio robusto de entidades que promovem o desenvolvimento de novos negócios e a formação empreendedora. Também temos um mercado com acesso à capital e inovação", explica.