O Distrito Federal registrou o primeiro caso de sarampo após quatro anos. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-DF), a paciente infectada é uma mulher entre 30 e 39 anos, que pode ter contraído a doença fora do país e está em processo de recuperação domiciliar. Ainda que a ocorrência seja, até o momento, isolada, a reaparição do vírus acende o sinal de alerta em relação a uma possível crise sanitária. Em novembro do ano passado, a então ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que o Brasil voltou a ser considerado livre do sarampo, da rubéola e da síndrome da rubéola congênita — status que havia perdido em 2019. O novo registro reacende a necessidade das campanhas de vacinação — que permanece como a única forma de combate à doença, que pode levar à morte.
O vírus é transmitido por via aérea para 90% das pessoas próximas que não estejam imunes. A vacinação é a maneira mais eficaz de se evitar o sarampo. A médica infectologista Carolina dos Santos Lázari reforça que é essencial que a população se conscientize da necessidade da imunização. "O Brasil tem a oportunidade de evitar uma nova crise sanitária, basta garantir que a vacinação continue sendo uma prioridade nacional", avalia a especialista (leia Artigo). Atualmente, a cobertura vacinal contra o sarampo no DF é de 97,2% para a primeira dose e 88,3% para a segunda, em crianças menores de 2 anos. A meta é alcançar 95% na segunda aplicação.
Perigos da infecção
Ainda que exista preocupação, nem todos sabem os reais perigos do sarampo. Pai de quatro filhos, Roger Azeredo diz que conhece pouco sobre a doença, mas mantem as crianças com as vacinas em dia. "Não entendo muito sobre essa doença, mas a gente participa sempre que tem vacinações", disse o morador da Asa Sul.
Teresa Alves de Moraes compartilha a urgência com a necessidade de fornecer vacinas aos filhos. A moradora de Valparaíso de Goiás é mãe de uma menina de 3 anos, que foi vacinada contra todas as doenças. "O doutor até comentou que estava excelente o cartão (de vacinação) dela. Eu sou uma mãe que deixa sempre atualizado o cartãozinho. Se tem campanha, eu sempre levo, porque eu sei que é para o bem-estar dela. Com certeza as campanhas de vacinação, sendo divulgadas, vão influenciar as pessoas a se prevenir", opinou.
Os sinais do sarampo incluem a tosse seca, irritação nos olhos, nariz escorrendo ou entupido e mal-estar intenso. Entre três e cinco dias após o início dos sintomas, surgem manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas que depois se espalham pelo corpo. A persistência da febre após o aparecimento das manchas pode indicar gravidade, especialmente em crianças menores de 5 anos.
O pediatra Valderi Junior explica que as crianças menores de 5 anos são particularmente propensas a infecção grave, que podem levar a males como pneumonia, otite grave, diarreia, encefalite, desnutrição e em casos mais graves evoluindo para o óbito. Os sintomas na infância incluem tosse, coriza, febre alta, manchas avermelhadas pelo corpo, fadiga e adinamia. "Como o sarampo é transmitido por gotículas de saliva, para prevenir a dispersão do vírus, é recomendável utilizar luvas e máscaras ao manusear objetos que possam estar contaminados, além de a pessoa infectada evitar o contato próximo com outras pessoas", recomenda o médico.
Em caso de sintomas, é necessário procurar atendimento médico de forma imediata. Não existe tratamento específico para o sarampo, e os medicamentos indicados são utilizados apenas para aliviar os sintomas. O uso de qualquer remédio sem orientação médica não é recomendado.
A SES-DF disponibiliza a vacina contra o sarampo em todos os postos de vacinação na capital. No DF, há 176 unidades básicas de saúde (UBSs) distribuídas pelo território. A recomendação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é aplicar duas doses da tríplice viral em pessoas de 12 meses a 29 anos, uma dose em pessoas de 30 a 59 anos, e duas doses para profissionais de saúde, independentemente da idade.
Maria Flor, de 1 ano e 9 meses, é a caçula de Maycon Medeiros, morador da Candangolândia, e está com o cartão de vacina atualizado. "Nenhum dos meus filhos tem efeito colateral quando toma vacina, nem mal-estar sentem. O governo deve continuar com campanhas e fazer entrevistas com a população para poder incentivar e divulgar mais. Da vacinação do sarampo eu ainda não estava sabendo, mas, agora que sei, vou levar meus filhos para prevenir", garantiu.
Colaborou Caio Ramos*
*Estagiários sob a supervisão de Patrick Selvatti