
A importância da pesquisa científica para a conservação e recuperação do Cerrado foi o tema do CB.Agro desta sexta-feira (28/3), que contou com a participação do pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) Daniel Vieira. Professor de Ciências Florestais e Ecologia na Universidade de Brasília (UnB), em uma conversa com os jornalistas Adriana Bernardes e Roberto Fonseca, Vieira trouxe uma análise sobre as iniciativas para reverter o desmatamento e fortalecer a resiliência desse bioma essencial para o equilíbrio ambiental do país.
Com um histórico de degradação acelerada devido à expansão agropecuária e ao crescimento urbano, o Cerrado perdeu boa parte de sua vegetação original. “O Cerrado é, hoje, o bioma mais desmatado em termos de proporção, no Brasil. Isso continua, porque a agricultura é muito rentável. No entanto, temos uma porcentagem muito pequena de áreas protegidas. Assim, temos bastante vegetação nativa com possibilidade legal de ser desmatada, que são os ativos — excedentes de reserva legal. Então, temos uma disputa grande pelo uso do solo”, explicou o pesquisador.
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Vieira destacou que o uso desenfreado do Cerrado já começa a trazer efeitos severos até mesmo para quem produz. “O que fizemos até agora, que foi converter 50% do bioma em agricultura, já trouxe impactos, como secas severas, por exemplo. Há 40 anos, a estação chuvosa começava um mês e meio antes do que ela começa hoje. A mudança climática está evidente e começamos a ter risco de fazer agricultura em certas áreas”, alertou.
O pesquisador também ressaltou como agricultores e pecuaristas podem adotar modelos produtivos sustentáveis que conciliem desenvolvimento econômico e conservação ambiental. “Um dos assuntos mais importantes para o Cerrado é relacionado a pastagens degradadas, pois 50% do que já foi convertido do uso do solo é de pastagens, e 40% delas têm baixa produtividade. Uma das soluções é aumentar a produtividade nessas pastagens, recuperá-las, para que produzam mais e, assim, salvamos áreas para que sejam conservadas”, exemplificou.
O especialista abordou estudos e grupos de pesquisa recentes que têm sido fundamentais na recomposição florestal e regeneração do bioma. “Rede Biota Cerrado, por exemplo, coordenada pela UnB, é uma rede de dezenas de pesquisadores, que atua em diferentes frentes, com a linha de conhecer melhor a biodiversidade e como ela vai responder às mudanças ambientais e tentar levar soluções para essa biodiversidade”, comentou.
Confira o CB.Agro na íntegra: