
Adrian David Feitoza Coelho, 10 anos, comemorava a ida à consulta oftalmológica para o uso do primeiro par de óculos de grau. O simples exame foi como se tivesse ganhado o brinquedo mais desejado, porém, a alegria da criança foi encerrada de forma trágica ao sofrer uma descarga elétrica. Ele teve uma parada cardiorrespiratória e morreu após o incidente, ocorrido no bairro Estância 4, em Planaltina. O corpo será velado e sepultado hoje, a partir das 14h, no cemitério da cidade.
O menino, que sonhava em ser jogador de futebol, voltava com a mãe de carro de uma ótica e seguia para casa. Após o exame, o plano era ir até um Centro Olímpico próximo fazer a inscrição de Adrian na escolinha de futebol. Enquanto dirigia sob a forte chuva, a mulher ouviu um estrondo e percebeu que um cabo de energia havia se rompido, mas não sabia se tinha sido em frente ao próprio carro.
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De acordo com testemunhas, o fio caiu sobre outros dois veículos e "laçou" o pneu traseiro esquerdo de um dos automóveis, ocasionando um "derretimento". Populares informaram que o incêndio nos carros, provocado pelo rompimento dos cabos, não foi maior devido às chuvas no momento do acidente.
Em depoimento à polícia, a mãe de Adrian contou que decidiu parar o carro a cerca de 300 metros de casa, próximo a uma padaria, após ver pessoas acenando e gritando para ela, dizendo: "Sai do carro! Sai do carro!". Assustada, ela deixou o veículo às pressas com o filho e, ao sair, pediu que o menino corresse e se protegesse da chuva debaixo da marquise de uma loja. Foi nesse momento que, ao dar o primeiro passo, Adrian pisou sobre um fio rompido e caiu.
Por um instante, a mãe imaginou que o filho havia tropeçado em algo, mas notou que o menino recebia uma descarga elétrica e estava com várias queimaduras pelo corpo. De acordo com a mulher, o socorro demorou 40 minutos para chegar. Adrian chegou a ser encaminhado ao hospital, mas não resistiu e morreu.
Conserto
O Correio retornou ao local do incidente e conversou com testemunhas. Nei Fernandes, 55, é dono de uma oficina mecânica e proprietário de um Fiat Siena vermelho, um dos veículos danificados pela descarga elétrica. Segundo ele, os fios de alta tensão se enroscaram na antena do Siena e em um Nissan Versa preto, pertencente ao enteado de Nei, principalmente nas rodas. A sobrecarga de energia nos automóveis culminou em faíscas e fumaças vindo dos dois carros. "Teve uma hora que começou a pegar fogo, mas a chuva apagou", afirmou.
Uma testemunha (que preferiu não se identificar) trabalha em um comércio próximo e relatou que o carro da família enguiçou. Após isso, populares clamaram para que a mãe não saísse do carro e soltasse o freio de mão para que o carro descesse sozinho. No entanto, em depoimento, a mãe contou ter ouvido pedidos para que ela saísse do veículo.
As pessoas presentes no local acionaram o Corpo de Bombeiros Militar (CBMDF). A corporação demorou cerca de 30 minutos para chegar ao local, foram feitos protocolos de reanimação cardiopulmonar. Entretanto, o menino não resistiu e foi a óbito. Uma perícia da Polícia Civil esteve no local ontem. A 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), que investiga o caso, informou que, até o momento, quatro pessoas prestaram depoimento.
A advogada da família, Katiuss Vieira, afirmou que a Companhia Neoenergia tem dado todo o suporte aos parentes da vítima. O corpo do menino segue no Instituto de Medicina Legal (IML).
A Neoenergia se manifestou por meio de nota. "A Neoenergia Brasília lamenta profundamente o ocorrido e informa que, neste momento, a prioridade da empresa é prestar todo o apoio necessário aos familiares da vítima. As causas do acidente estão sendo apuradas, e a distribuidora irá colaborar com as autoridades nas investigações com tudo o que for necessário".
*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti